Reserva

Pelo que entendi (se estou enganado, desculpem, mas sempre fui devagar), a turma de 70 da EPCAR passa, agora, oficialmente à reserva.

Um balanço honesto e imparcial indica que o investimento das administrações públicas nos integrantes dessa turma teve um alto retorno.

Muitos foram os garotos que vindos de ambientes, no mínimo, difíceis nocautearam seguidas adversidades em suas vidas e aposentaram-se com a honradez e a humildade reservada a alguns grandes campeões. Profissionalmente, são muitas carreiras bem sucedidas, e, se mais longe não foram, credite-se o fato a administradores mal-intencionados.

No entanto, é em outro campo que o resultado é impressionante. Muitos que sequer puderam desfrutar do convívio familiar tornaram-se pais, ou tios, ou avós (ou coisa que o valha, e isso não importa) exemplares. Não é exagero pensar que muitos são  referência de comportamento em suas famílias, em suas antigas ruas, bairros e até pequenas cidades (sem prejuízo de ninguém, cito o vovô Celsinho que alcançou uma posição mítica na luta por sua Juliana). São influências que ultrapassam a família; algumas irão além do período de uma vida.

Amizade, então, já não pertence ao domínio do espaço-tempo nem da lógica. O Nelson Rodrigues descreveu um gol do Pelé que teria espatifado com o conceito de torcida: na comemoração da jogada impossível, escreveu ele, as duas torcidas eram uma só. Quem já foi a um dos encontros de BQ também observou maravilhado: as famílias eram uma só.

Parabéns à turma de 70. Vida longa ao seu espírito.