Opiniões políticas do autor de cada texto e relatos sobre a vida social, a política, os costumes, o cotidiano, etc.

Fluzão

Enviado por 70-143 Pamplona

 
Tri-Campeão Brasileiro
1970 – 1984 – 2010

Domingo, 3 de dezembro de 2010, exorcitarei o Sobrenatural de Almeida e rumarei, novamente, para Barueri, para assistir o que está escrito a mais de 1000 anos: ver o Fluzão dar mais um passo para a conquista do Campeonato Brasileiro de 2010.
Impossível esquecer o 1984 e o de 1970.
Alias, por falar em 1970 e o Campeonato Brasileiro, me vem a mente o dia 16 de dezembro de 1970. Uma quarta-feira.
O campeonato entrará em seu quadrangular decisivo. Fluminense, Palmeiras, Atlético Mineiro e Cruzeiro.
O Fluminense jogara no domingo contra o Palmeiras, no Maracanã e lá estava eu para presenciar a vitória do meu Fluzão por 1 x 0. Gol de Mickey.
16 de dezembro. O dia amanheceu como de costume. Com o filho da p… do corneteiro tocando a alvorada às 05h45.
Levantamos, ranchamos e ao me dirigir ao pátio de formatura com o 70-175 Paiva, já o perturbava, coisa que vinha fazendo desde segunda, com a iminente vitória do Fluzão naquela noite.
Não me recordo se o Paiva era atleticano ou cruzeirense, mas acredito que deveria ser cruzeirense, pois entrou na pilha.
Bem, caminhávamos para o Pátio da Bandeira e dizia que o meu Fluzão iria ganhar.
Ele, como bom e bem mineiro que é, retrucava, até que o desafiei a irmos para BH ver o jogo.
O que no início parecia uma loucura, pois era uma quarta-feira, tomou forma ao longo do dia e, após o sinal da última aula corremos para o alojamento, trocamos a farda por roupa civil, descemos as escadas numa desabalada sem precedentes até o rancho, saímos por trás do alojamento, passamos pela entrada do rancho dos oficiais, deixamos a caixa d’água, subimos a ladeira e, chegando à frente da escola, pulamos para a linha do trem e continuamos a correr desabaladamente, pois o último ônibus que nos poria em BH a tempo de vermos o jogo já estava de partida.
A volta já estava toda planejada: chegaríamos ao Mineirão, nos dirigiríamos a torcida do Fluzão, da qual fazia parte antes de ir para BQ, e falaria com o pessoal que pegaríamos uma carona em um dos ônibus para voltarmos à escola.
Simples assim.
Saltamos em BH e, sob o comando do Paiva, chegamos ao Mineirão.
Fomos à torcida e ……
Primeiro revés.
Não poderia voltar, a princípio, no ônibus, pois estavam lotados e havia acabado de ser promulgada uma lei que não podia haver passageiros em pé em viagens inter-estaduais.
Mas o pessoal disse que tentaria dar um jeito e sentamos para ver mais uma vitória do Fluzão por 1 x 0.
Novamente Mickey, só que, ao invés de ser aos 34 minutos do primeiro tempo, foi aos 35.
Saímos felizes da vida, pelo menos eu, e fomos para os ônibus.
Maior confusão. A torcida do Cruzeiro não nos deixava chegar aos ônibus, a polícia enfiava a porrada em qualquer um e, um a um, os vidros dos ônibus foram quebrados.
Amainada a confusão, não podemos entrar no ônibus. Não houve jeito. O motorista estava irredutível.
Mas, como para tudo na vida há um jeito, um dos meus amigos ficou perturbando o motorista, demos a volta, nos apoiamos no pneu traseiro e entramos pela janela quebrada. Ficamos escondidos no chão de um dos bancos e lá se foi o ônibus rumo ao Rio.
A ventania dentro do ônibus, a essa altura, não incomodava nada. Mentira.
Por volta das 5 da madrugada, finalmente o ônibus para na Patrulha Rodoviária na entrada de BQ e nós dois descemos e rumamos para a linha do trem, em diereção à escola.
O cansaço não era nada diante do medo e da euforia da aventura, mas o tempo urgia!
Conseguimos chegar ao muro em frente à escola às 05h45. Pulamos e, numa decisão rápida, resolvemos entrar pela frente da escola, pelo túnel ao lado do paiol. Não havia mais tempo.
Saímos no pátio do rancho ao mesmo tempo que o filho da p…. do corneteiro tocava a alvorada.
Só aí nos demos conta que estávamos de roupa civil e brancos, cobertos de pó de arroz.
Os madrugadores não acreditavam no que viam e, como coriscos, subimos a escada para o alojamento, tiramos a roupa mais do que depressa e, ainda na correria, fomos para o chuveiro.
Foi o tempo certo para o sargento de dia entrar no alojamento a procura de nós e nós não mais estávamos lá.
Nem é preciso dizer que as aulas do dia foram, por nós vista, nos braços de Morfeu!
No domingo seguinte o Fluzão empatou com o Galo por a 1 x 1, mais uma vez com gol de Michey, aos 33 minutos do primeiro tempo!
Em 1984 estava nos 2 jogos no Maracanã contra o Vasco. Na primeira, 1 x 0, gol de Romerito e no segundo, 0 x 0.
Está escrito há mais de 1000 anos……

Depois da Decisão

por Prof. TARCIZIO R. BARBOSA

                Decididas as eleições, mais uma vez restou  a certeza de que a maioria do povo brasileiro continua conservador em seus costumes. Mais uma vez o socialismo, com suas diversas nuances, foi derrotado pelo voto soberano de 57,7 milhões de eleitores, contra os 47 e poucos da outra facção.
                Mas, a análise desse resultado mostra que a sociedade está dividida entre dois polos radicais. De um lado a “direitíssima” e de outro a “esquerdíssima”. Sem espaço para o centrismo.
                No cerne da questão vislumbram-se os desmandos cometidos pela esquerda, representada pelo PT e seus apaniguados, não só na gatunagem pura e simples, mas, também, nos indicativos com viés amplamente socializante, com destaque para os seguintes episódios para lá de controversos:

  1. A ampliação do Porto de Mariel, em Cuba, em obra realizada pela nossa conhecida Odebrecht, elevou a capacidade de manejo daquele cais para inacreditáveis um milhão de “containers”/ano, o que equivale a um terço da capacidade do nosso maior porto marítimo (Santos). Capacitando-o ainda, a receber navios com até dezoito metros de calado. Para efeito de comparação veja-se que o Porto de Santos admite um calado de 13,5m (trecho IV- do armazém VI até o terminal da Alemoa) (Lei 12.815/13 – art. 18 º, inciso I, item D), sendo que os demais trechos admitem calados ainda menores. Essa obra custou ao BNDES um “empréstimo” ao governo cubano de US$ 802,000,000,00 – isso mesmo, 802 milhões de dólares, ou R$ 3,1 bi, ao câmbio da época – que ninguém acredita venha a ser pago. Até agora o governo de Raul Castro já deixou de pagar, só neste ano da graça de 2018, 20 milhões de dólares, correspondentes a três parcelas da dívida.  Observe-se que uma implantação de um complexo portuário desse tamanho, a partir do zero, não deveria custar mais do que uns 500 milhões de dólares…e aqui se trata de uma ampliação do já existente.  Mais intrigante ainda é que esse enorme montante de dinheiro  representa quinze vezes mais do que tudo que foi investido em portos brasileiros no mesmo período e  a administração do complexo foi entregue a uma empresa de…Cingapura.  Sem contar que até hoje, passados mais de vinte meses da sua conclusão está operando com uns 15% de sua capacidade projetada.  Deixando-nos com cara de idiotas.
  2. A compra da Refinaria de Pasadena (conhecida pelo apelido de “ruivinha” devido a ferrugem galopante que ostentava) nos Estados Unidos, nos tungou em mais US$ 1,3 bi, ou R$ 5 bi (câmbio da época) para pagar por uma sucata que a Astra Oil, proprietária da dita cuja, tinha comprado dois anos antes por meros US$ 42 milhões. “Ó quão bom e agradável” foi fazer negócio com a Petrobrás. Ladrões idiotas, pois, segundo a Polícia Federal esse “negócio” rendeu propina de “apenas” US$ 15 mi.  É de morrer de rir.
  3. Na terra dos “hermanos” bolivianos também andamos fazendo graça. De 1995 a 2005 a Petrobrás investiu US$1,5 bi na Bolívia, sendo responsável, nesse período, pela compra de gás natural daquele país em montante equivalente a 18% do PIB local. Em 1º de maio de 2006, o presidente Evo Morales nacionaliza a Refinaria ali construída por nós, oferecendo valor irrisório pela mesma (US$ 102 mi) sendo que só nela a Petrobras já havia investido US$ 134 mi… nada mal para ladrão que rouba ladrão.
  4. Ainda em plagas bolivianas o BNDES concedeu financiamento de US$332 mi para que a OAS construísse uma estrada que restou embargada por atravessar terras indígenas. A obra não foi feita, mas o dinheiro não voltou.
  5. Somente na América Latina os desvios se somaram em números astronômicos, conforme visto no mapa abaixo


6. Isso sem falar nas tramoias em terras africanas, notadamente em Angola e Moçambique, onde até mina de diamantes no Rio Kuanza entrou na dança. Ou, aqui mesmo no Brasil do “mensalão”, da “lava a jato” etc. etc.  Mas isso é outra história
                Não está fácil ser brasileiro atualmente.
                Caberá ao futuro Presidente e ao novo Congresso botar ordem na casa, mas não será fácil.  Desaparelhar – ou desratizar, se preferirem – esse contubérnio indecente que vem grassando por aí, incutindo doutrinas espúrias espelhadas nos exemplos que vem de cima e corrompendo toda uma geração – já desvirtuada – que se apega sem pejo à famigerada lei de Gerson e a esquerda inconsequente.
                Meios acadêmicos, artísticos e boa parte da dita “intelligentzia” pátria  reverencia-se ao social/comunismo como se não houvesse  amanhã para cobrar a conta das benesses dadas sem lastro, ou como se existisse, mundo afora, um único caso concreto de sucesso a longo prazo dessas ideologias, ou mesmo no passeio pela história da humanidade ao longo dos séculos…não há!
                 E essa “intelligentzia” se dogmatiza como que por fé cega, e dane-se a razão.  Paupérrimos intelectuais esses que temos, com todos os seus títulos, mas sem a capacidade de discernir entre a fantasia e a razão.  Lembram-me um precioso livrinho (258 páginas) de Arthur Schopenhauer (1788-1860) intitulado “Como Vencer um Debate sem Precisar Ter razão” ( Ed. Topbooks – 1977).
                Falaciosamente, a esquerda brasileira e internacional apega-se ao que se chama nesse livro de  “5 – Uso Intencional de Premissas Falsas”.  Vejam que as ditaduras esquerdistas mundo afora usam e abusam da palavra “democracia” em suas perorações.  O que configura uma proposição falsa em si, mas verdadeira “ad hominem” (palatável para quem a ouve).  “Expondo velozmente a sua argumentação, fundada em princípios caros a quem ouve (democracia, por exemplo), pois os que compreendem com lentidão não conseguirão acompanhar o raciocínio e não se darão conta das eventuais falhas e lacunas da argumentação” (pag.140 – opus cit.).
                Nessa mesma toada vale reproduzir também comentário de Olavo de Carvalho, ao pé da página citada, onde esse intelectual de raiz e não de corola, aponta: “Esse estratagema é prática usual e aceita como legítima no debate cultural brasileiro. Algumas de nossas mais brilhantes estrelas intelectuais devem a ele boa parte do seu sucesso.  Seu emprego é facilitado pela admiração que, em nosso meio, se dá a loquacidade e particularmente a capacidade de falar depressa, tida ingenuamente como indício de domínio do assunto” (sic).
                E, lá se vão os carneiros alegremente seguindo a manada.  Pobre desse povo que assim se deixa levar… e não são aqui os iletrados, são a “intelligentzia” pátria.  É de dar dó!
                                Há que se começar a faxina pela educação fundamental ascendendo, paulatinamente, até os meios universitários, dando aos instruendos uma escola sem partido onde TODAS as ideologias devem ser ensinadas sem viés catequizador.  Pode-se sim, ensinar socialismo, comunismo, capitalismo, democracia, nazismo, fascismo etc. em aulas.  Mas, não se pode direcionar ou doutrinar os alunos para uma ou outra vertente.  Isso é ensinar, passar todo o leque de conhecimento e convidar a classe discente ao raciocínio e a conclusão personalíssima de foro íntimo de cada um, em plena adoção da heurística cuja melhor definição vernacular é: “procedimento pedagógico pelo qual se leva o (a) aluno (a) a descobrir por si mesmo (a) a verdade que lhe querem inculcar” (Aurélio – 2ª Ed.- Pag. 891).
                Talvez valesse à pena criar um decálogo nesse viés, em contraponto ao de Lenin, usado e abusado na catequização esquerdista visando, em última análise, a tomada de poder para si.
                Quanto a “intelligentzia” atual, majoritária e burra por suposto, só nos resta isolá-la para que não contamine as novas gerações e esperar que o tempo, o exemplo e as realizações – espera-se, com fé, que haverão – se façam sentir nos bolsos, na cultura  e na ética dos homens e mulheres comuns e de boa vontade, não contaminados pela “intelligentzia” tupiniquim.
                São Paulo, 6 de novembro de 2018
TARCIZIO R. BARBOSA

A Falta Que Faz Um Líder

por Prof. TARCIZIO R. BARBOSA

                Dentre as três principais tipificações de liderança – autoritária, democrática e “laissez faire” –  talvez esta última seja a mais difícil de ser exercida, ou compreendida como preferem alguns teóricos.
                Quase sempre confundida com liderança negligente ela na realidade é aquela que beira o fanatismo religioso. Quando o líder se impõe pela percepção dos liderados em relação as suas vontades, prescindindo de ordens diretas e quase sempre se exercendo por metáforas…por isso a mais perigosa.
                Líderes autocráticos são mais comuns. Mandam e todos obedecem, quer por medo, quer por disciplina ou por conveniência.
                E líderes democráticos, neste nosso mundo de mil diversidades, estão fadados a cooptação de seus liderados por todas as formas  e artifícios à disposição – legais ou não – como “modus operandi” para o exercício do poder.
                Mas, como a maioria pensante já pressentiu, isso só funciona adequadamente em sociedades homogenias e razoavelmente instruídas, onde se cultuam princípios de respeito ao bem comum (i.e. não roubar e não deixar que roubem) e ao direito dos outros (i.e. decidir contra si em caso de dúvida fundada e respeitar o princípio de que o direito de cada um termina onde começa o do outro).
                Por qualquer avaliação isenta parece insofismável que a maioria da nossa sociedade está longe de alcançar tal consciência coletiva e desprendimento individualista. E isso é fato e os exemplos abundam. Ainda cultuamos, em larga parte, a tristemente famosa “lei de Gerson”.
                Em nosso estágio atual não vislumbramos nenhum líder democrático, nem algum autocrata surgente.
                Mas, convivemos com um perigoso líder “laissez faire” atuante. No meu bestunto entendo que essa liderança cabe qual uma luva ao senhor Lula da Silva.
                Já se disse – e continuam dizendo – que o culto a sua personalidade beira o fanatismo e transcende a razão. E é por isso que mesmo preso e contra toda a lógica disponível, continua líder nas pesquisas de voto para as próximas eleições.
                A massa busca nele o que não disse, mas inspira…e sua inspiração é uma ordem não proclamada.
                Não pediu benesses de viva voz, mas deixou “parábolas” no ar sobre o que desejava e os desejos se materializaram em triplex, sítio, “palestras” e outros que tais, para si e seus apaniguados.
                Ah, “laissez faire” tão mal compreendida e tão insidiosa.
                Agora, busca-se na letra fria da Lei os argumentos para enquadrar esse autor que não pediu explicitamente, mas fez com que seus desejos fossem pressentidos de forma sub-reptícia por aqueles a quem interessava agradar o líder.
                É difícil personificar esse tipo de comportamento social, onde sobra carisma e falta escrúpulo. Afinal um lider “laissez faire” tanto pode ser Jesus Cristo, como Macunaíma.
                Uns vem para o bem de todos – ou da maioria, vá lá – e outros vem demonizar o pedaço ou, simplesmente, deixar que o pedaço se demonize por si mesmo ao longo do tempo de inanição cívica.
                E eis-nos aqui no atual dilema pré-eleitoral: quem virá a seguir?
                Haverá um líder a nos guiar? E que tipo de liderança exercerá?
                Pelo que se vê delinear no horizonte próximo o senhor Lula da Silva está fora do jogo mas, como como já se disse por aí, “no Brasil até o passado é incerto” (cf. Pedro Malan) e o “Brasil não é para principiantes” (cf. Tom Jobim). Tudo pode acontecer, inclusive nada.
                 E nos perguntamos se assim será e se assim for,  a quem ele ungira para receber o voto da parte dos seus fieis seguidores/adoradores ou como será termos um presidente presidiário.
                Já que temos Deputados presidiários, por que não?
                O Capitão Bolsonaro, assim como o senhor Ciro Gomes talvez tragam o viés autocrático que estamos precisando…mas, aí será necessário “acorrentar” (fechar, não!) o Congresso e calar o ímpeto legiferante do Judiciário. Quem há de?
                O senhor Alckmin não parece sequer um líder mas, tem a seu favor a característica da previsibilidade da política “feijão com arroz”, sem surpresas e sem que o Brasil consiga o arranque necessário capaz de livrá-lo do atual atoleiro. Com ele pressente-se um quadriênio de mais do mesmo.
                E Henrique Meireles, um banqueiro, capitalista por devoção e Manuela D’Ávila comunista extemporânea… o que deles esperar? Nada, pois lá não chegarão.
                Marina Silva “tatibitate” não inspira voos de longo prazo nem políticas permanentes.
                Álvaro Dias não parece capaz de empolgar.
                E os outros, bem os outros nada trazem que empolgue. Enfim, órfãos estamos, de pai e mãe, veros filhos de chocadeira destinados ao abate ou ao embate. Mas, seguramente não ao jardim da prospera bonança.
                Eis o quadro atual! Que Deus nos ajude!
                Enquanto isso vamos ali na esquina, comprar um presente para nossa namorada e esquecer momentaneamente o tormentoso Brasil.
 
                São Paulo, 12 de junho de 2018
 
                TARCIZIO R. BARBOSA

O Produto do Meio

por Prof. TARCIZIO R. BARBOSA

Sociologicamente invocando mestre Durkhein, cito um ensinamento dele que cai como luva na atual conjuntura: “A sociedade (o meio) exerce sobre o sócio (cidadão ou cidadã) uma coerção social irresistível”.
                O ex- Presidente Luís Inácio Lula da Silva sobreviveu ao “meio” de retirante, ascendeu aos píncaros da glória nos “meios” políticos e sociais ao ser duas vezes eleito presidente da República, de onde saiu com espantosos 85% de aprovação popular e  agora desce as tenebras do inferno ao ser condenado – e preso – por ter recebido mimos indevidos de empresas “campeãs nacionais”.
                Não sou Lulista mas me permito um olhar crítico, sob a luz da sociologia, sobre o que aconteceu.
                No início da carreira desse cidadão ele se embrenhou nas lides sindicais em momento impar da sociedade nacional, onde o “meio” trabalhador começava a se organizar em sindicatos fortes vitaminados pela rápida industrialização do nosso Brasil – à exemplo do que já ocorrera décadas atrás nos Estados Unidos. Nesse caldo de cultura o “meio” trabalhador instituiu-se em sociedade forte cujo principal objetivo era fazer contraponto ao “meio” (i.e. sociedade) empresarial que, até então, dominava as relações entre capital e trabalho, a despeito da peia imposta pela CLT.
                Disso resultou o primeiro impacto do “meio” na formação ética e moral do nosso paciente Lula da Silva. Sagaz como poucos mordia e assoprava conforme as suas conveniências, sem descurar no agrado aos patrões e aos empregados. Era antológica a história que corria, dando conta de que enquanto os peões arrastavam cordas untadas de graxa para com elas marcar e rebocar para fora do chão de fábrica, o senhor  Silva (naquela época ainda sem incorporar o Lula ao próprio nome) sentava-se com a diretoria da empresa para saborear um bom whisky, fazendo hora para simular uma negociação extensa para depois ir arengar a massa com ares de grande negociador, paladino e defensor da “peãozada”.
                Nessa quadra o “meio” começa a corromper o nosso paciente. Presentes e agrados são vistos como  mera cortesia inocente e aí começa o problema. Regras escritas são Leis cogentes, mas regras éticas e morais se aprende com o “meio” ou com a família.
                Oriundo de uma família miserável e matriarcal, sem referência paterna e precisando sobreviver em “meio” adverso e amoral, é fácil inferir que a prática da esperteza tenha se entranhado nele, até como auto proteção necessária e daí a considerar-se além da ética e da moral comuns aos formados de raiz, foi um pulo não muito extenso.
                Se já confraternizava com os patrões das montadoras de veículos do ABC, subiu de nível e passou a confraternizar com os verdadeiros donos do poder. Agora não mais como coadjuvante, mas como protagonista.
                Por ocasião da primeira eleição do senhor Lula da Silva à presidência da República expus ao meu círculo íntimo três preocupações que me ocorriam:

  • A ascensão de uma partido de esquerda (o PT, no caso) poderia – como realmente aconteceu – trazer junto toda uma classe ávida de poder e, conforme a melhor doutrina socialista, adotando o princípio de que “os fins justificam os meios”. E os fins passavam por empoderar doutrinaria e financeiramente os iguais, oriundos da mesma origem humilde e sofrida. Aos amigos tudo, aos inimigos os rigores da Lei.
  • Um projeto de poder de longo prazo custa caro e envolve a inversão econômica vigente. Ou seja, em poucas e cruas palavras, quem é rico vira pobre e quem é pobre vira rico, sob a regência de um Estado forte que permita algumas transgressões necessárias para atingir o objetivo maior. Olha o perigo aí.
  • A consolidação do poder só se daria mediante a satisfação de tantos correligionários quanto fosse possível aglutinar – ou comprar – e tantos opositores quantos se vendessem. E estava aberto o balcão de negócios, lembrando que políticos brasileiros adoram enricar ao longo de seus mandatos e que empresários não tem cor partidária, pois visam e perseguem o lucro, de preferência de forma ética, mas se isso não for possível que prevaleça as regras do “meio”.

                Bem, amigos, é isso aí! Julguem vocês mesmos.
 
                São Paulo, 07 de abril de 2018 (Aniversário do glorioso CPOR-SP)
               
 TARCIZIO R. BARBOSA – 2ºTen R/2 -Inf. (Com muito orgulho)

CONSTITUIÇÃO E INTERVENÇÃO

por Prof. TARCIZIO R. BARBOSA

A pergunta do meu sobrinho e afilhado foi direta: “Tio, amanhã vou ter aula sobre GLO, o que é isso?”
Respondi que isso é parte do artigo 142 da nossa Constituição que define como atribuição das Forças Armadas a garantia da lei e da ordem (GLO na abreviação).
Mas, as dúvidas do novel aluno do CPOR não pararam por aí e eu resolvi aprofundar o tema. Vamos lá!
O título V da nossa lei maior trata explicitamente da “DEFESA DO ESTADO E DAS INSTITUIÇÕES DEMOCRÁTICAS”, coisa que o capítulo primeiro desse título começa definindo as regras para a decretação do “ESTADO DE DEFESA” (seção I) e do “ESTADO DE SÍTIO” (seção II), abordando ainda, na seção III, as “DISPOSIÇÕES GERAIS” reguladoras dessas duas medidas de exceção…Leis Marciais, por definição. Essas estipulações constitucionais abrangem os artigos 136 a 141 da Carta Magna.
Na sequência, o art. 142, no capítulo II, trata explicitamente das “FORÇAS ARMADAS”, incumbindo-as, entre outros misteres de garantir a lei e a ordem, a tal GLO.
Aí começa a desinformação, olhem só:
          1 – O texto constitucional diz o seguinte: “art. 142 – As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica (nessa ordem, da mais antiga, a Marinha, até a mais moderna, a Aeronáutica), são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes (Executivo, Legislativo ou Judiciário) da lei e da ordem.” (transcrevi)
          2 – O parágrafo primeiro desse artigo contempla que “Lei complementar estabelecerá as normas gerais a serem adotadas na organização, no preparo e no emprego das Forças Armadas”…mas, como soe acontecer por aqui, nenhuma lei complementar foi promulgada versando sobre como se daria a atuação dessas Forças Armadas, caso convocadas para a garantia da Lei e da ordem. E aí começa a improvisação característica desta “Terra Brasilis”: determina-se uma intervenção militar na área de segurança do Rio de Janeiro, sem que o Exército saiba o que pode ou o que não pode fazer.
          3 – Repare-se que o capítulo III desse mesmo título constitucional (título V) ao tratar da “SEGURANÇA PÚBLICA” estabelece ser ela dever do Estado (art. 144) e explicita nos incisos de I a V do caput QUAIS SÃO OS ÓRGÃOS ENCARREGADOS DESSE MISTER, a saber:
          Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares.
Assim, de plano, não há disposição Constitucional que preveja o emprego das Forças Armadas em missões de segurança pública e, muito menos se aplica a figura da dita INTERVENÇÃO NA SEGURANÇA PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO OU DE QUALQUER OUTRO ENTE FEDERATIVO…salvo se houver Lei Marcial que a ampare (Estado de defesa e/ou Estado de sítio). Mas essas medidas necessárias para convalidar a mobilização das Forças Armadas e dar-lhes poder real de atuar, nem passa pela cabeça dos políticos mandantes. Ou seja, lançam o Exército descalço em terreno de pedras pontiagudas ou, melhor dizendo, usam as garras da Força para tirar as castanhas do fogo, mas sem se comprometerem.
Mas, como fazer isso sem uma lei clara que ampare o soldado, o graduado ou o oficial que, em incursão em uma favela íngreme – agora o termo politicamente correto parece ser comunidade – acabe matando um vagabundo portando um fuzil de última geração ou, acarretando a morte colateral de um civil (“colateral damage”) tão comum em ações de guerra? E isso é guerra, quer queiramos ou não!
As Forças Armadas de qualquer nação que se preze não são treinadas para prender, são treinadas para neutralizar (matar) o inimigo…ou ele se rende e depõe as armas ou é abatido, simples assim. Ah bom, mas o que faz a Polícia do Exército? Bem, esta entra no cenário de guerra depois de encerrado o combate, para manter a ordem e coibir os excessos após, repito mais uma vez, após o inimigo ter sido aniquilado ou deposto as armas.
Causa-me espécie a fala de alguns Generais sobre a intervenção bem sucedida dos nossos soldados na missão do Haiti, onde enfrentaram, com sucesso, e neutralizaram uma situação de conflagração e caos. Mas, é oportuno lembrar que lá o nosso Exército estava submetido as leis de intervenção da ONU e não aos políticos, nossos ou do Haiti. Já aqui…
Já externei em manifestação anterior o dó que sinto pelo General interventor, obrigado a obedecer ao mando político, por dever de ofício, e sem dispor do amparo de lei eficaz para fazê-lo. Não havendo a tal lei complementar reguladora desse tipo de intervenção, prevista na nossa Constituição já trintona, mas ainda em seus dentes de leite, só nos resta a certeza de que estão fazendo mau uso dos nossos granadeiros.
Uma última consideração se faz oportuna: Por que diabos a intervenção se restringiu ao Rio de Janeiro e somente à área de segurança, se todo o país vive na insegurança e na desesperança com a classe política? E, por que diabos não se instaurou o estado de defesa ou o de sítio?
Deixo essas perguntas para as futuras gerações, pois a minha já quebrou a ordem estabelecida em 1964 e não nos deu o futuro – agora presente – que almejávamos.
Sucesso, futuro Oficial do Exército Brasileiro e meus respeitos aos seus superiores.
São Paulo, 16 de março de 2018
TARCIZIO R. BARBOSA -2ºten R/2 – INF.

Brasil em Desmanche

Publicado no Whatsapp por 73-164 Cláudio ALVES DA SILVA,  em 02/03/2018.

Excelente matéria do General Rocha Paiva. Merece atenta leitura e profunda reflexão.


“Brasil em desmanche”

O poder da esquerda e da liderança política fisiológica é fator de atraso e falência moral.
Uma causa longínqua, mas decisiva, do desmanche do Brasil é o seu sistema de ensino deficiente na transmissão de conhecimentos, no desenvolvimento da cultura, na formação cívica do cidadão, na valorização da História e das tradições, o que enfraquece o patriotismo, e na conscientização de princípios morais e éticos, fatores de fortalecimento da sociedade.  Essas deficiências facilitaram a implantação e expansão no País da crise de valores, nos anos 1960-1970, que contaminou a instituição da família globalmente e abalou sociedades imaturas como a brasileira.
Tal cenário foi explorado pela esquerda socialista, a partir dos anos 1960, permitindo-lhe o progressivo domínio do sistema de ensino brasileiro.  Os partidos e movimentos dessa ideologia acabaram por dominar, também, o meio artístico e parte da mídia.  Com os formadores de opinião nas mãos, promoveram a satanização da maioria conservadora, falsamente acusada de radical, regressista e avessa a anseios da população carente.  Na verdade, “o conservadorismo não é contrário às mudanças, como se costuma supor, mas entende o progresso útil como proveniente do saber anterior e acumulado e, portanto, plantado nas virtudes e nos valores do passado” (Rohmann, Chris, O Livro das Ideias, Rio de Janeiro, Editora Campus, 2000, pág. 79).
A democracia não se sustenta em nações sem consciência cívica, Justiça legítima e eficaz, onde o Estado não provê as necessidades básicas à população e é gerido por lideranças desacreditadas.  A esquerda socialista estava no poder desde 1994, primeiro a fabianista e depois a marxista, em parceria com lideranças patrimonialistas.  Ambas são responsáveis por desacreditar a nascente democracia brasileira e afundar o País no mar de lama que sufoca a Nação.  Com sua ultrapassada visão de Estado, governo e sociedade, os socialistas ditaram rumos desastrosos na busca do Estado de bem-estar social, num país que não alcançou o nível de riqueza capaz de sustentá-lo e mantê-lo em desenvolvimento. Imagine se tomassem o poder nos anos 1960.
A crise brasileira está no limite do suportável.  A continuar o ritmo de deterioração política, econômica, moral e social, a tendência será o advento de rebeliões generalizadas, comprometendo a unidade política do País.  Esse contexto é o resultado de mais de uma década de danosas políticas populistas eleitoreiras, de gestão econômica irresponsável e insustentável e da estratégia de corrupção para perpetuar o PT no poder.
O presidente da República e o PMDB foram parceiros da liderança petista e por isso também são responsabilizados pela crise nacional. Assim, embora o impeachment de Dilma Rousseff fosse o melhor para o País, e o processo tenha sido legal, era possível antever as dificuldades para o sucessor superar os óbices e recolocar o Brasil nos eixos.
Hoje, o Estado não cumpre o papel que lhe delega a Nação de garantir sua segurança, desenvolvimento e bem-estar.  Na segurança pública a situação é de pré anomia, pois o Estado não demonstra autoridade nem capacidade de controlar todo o território nacional, tampouco de exercer o comando e a disciplina sobre órgãos de segurança da população.  A demora em controlar as revoltas em presídios das Regiões Norte e Nordeste e o motim da PM do Espírito Santo revelam leniência, indecisão e falta de vontade ou autoridade dos governos federal e estaduais.  A mistura dessas fraquezas com o não atendimento das necessidades básicas da população é um estopim para a disseminação de revoltas capazes de provocar o caos político-social e comprometer a segurança nacional.
A efetiva reabilitação do Brasil, em todos os setores afetados, demandará mais de uma década, mas o ponto de partida e os alicerces da recuperação estão na economia.  Será fundamental haver evidências seguras de reabilitação, nos próximos meses, para as tensões se amenizarem.  Com isso o governo terá fôlego para encaminhar as soluções para os problemas dos setores político e social.
É justo reconhecer que o governo busca implementar medidas necessárias à recuperação econômica, mas precisa convencer a sociedade a aceitar sacrifícios.  Ela concordaria em arcar com um pesado ônus para ajudar o Brasil a sair do abismo desde que o andar de cima apertasse, e muito, o próprio cinto.  Porém a liderança nacional, nos três Poderes da União, não entende que o exemplo vem de cima e é a base moral da autoridade.  Nos altos escalões do serviço público, da União e dos Estados, existem megassalários turbinados por benesses complementares, cuja legalidade sem legitimidade afronta a justiça.  A socialização equilibrada desse custo é a única forma de legitimar sacrifícios impostos a uma sociedade sem reservas para cortar.
A deterioração da economia nos próximos meses geraria cenários de conflitos, pois as tensões sociais se agravariam, escalando para revoltas em diversas regiões e ameaçando os Poderes constitucionais e a unidade nacional.  O Executivo sem a confiança da Nação, leniente, tímido e sem força política, ao lado de um Legislativo desacreditado e descomprometido e de um Judiciário dividido, terá sérias dificuldades para pacificar o País com base no arcabouço legal vigente.  Para aquilatar o nível de violência desses conflitos basta lembrar que a unidade nacional é cláusula pétrea para as Forças Armadas.
A Nação precisa entender que o poder da esquerda socialista, ideologia liberticida e fracassada, e da nossa liderança política fisiológica é fator de atraso e falência moral.  Elas afundaram o Brasil, promoveram a quebra de valores morais e do princípio da autoridade, bases da paz social, incentivaram a indisciplina no serviço público e fraturaram a coesão nacional.  Como deter o desmanche do País, dentro das normas legais, com a Nação sujeita à forte influência socialista e sob o poder de lideranças fisiológicas tão difíceis de expelir?
Luiz Eduardo Rocha Paiva  – 1 Março 2017 | 03h11.
*General da reserva, ex-comandante e professor emérito da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.
 

Prazo de Validade

por Prof. Tarcizio R. Barbosa

Tudo na vida tem seu prazo de validade estabelecido por algum critério, exceto Deus, é claro.
Para estes olhos esse prazo chegou nos meus setenta e seis anos. Fui trocar as “lentes”.
Como bom observador que pretendo ser, pude observar três fatos interessantes:
Um – A minha nova lente (Zeiss) vê cores com tendência ao espectro azul.  É como se fossemos ajustar as cores da televisão deslizando o cursor para a esquerda.  Já a minha lente original vê cores mais quentes (tendentes ao vermelho)…  Lembram-se daqueles óculos antigos de 3D com uma lente azul e outra vermelha?  É mais ou menos assim.
Dois – A recuperação da cirurgia foi quase imediata.  Já no segundo dia após a operação não sentia nenhum desconforto nem sequer, tinha a visão embaçada, tal como relatada por vários colegas e amigos que se submeteram a mesma intervenção.
Três –  A insistência das enfermeiras atendentes em perguntar, seguidamente, o meu nome completo e a minha data de nascimento. Isso até entendo, pois devem tratar cotidianamente com velhos senis…como eu, com desorientação espacial e de memória. Da próxima vez, carioca gozador que sou, vou dar as respostas mais estapafúrdias só para ver o que acontece! Estou seriamente propenso a responder que meu nome é jeovah (com minúscula mesmo) e que nasci com o universo…KKKKKKKKKK.
Brincadeiras à parte, me surpreendo com essas novas técnicas cirúrgicas, de intervenções invasivas em local obviamente sensível, com efeitos colaterais nulos. Para mim que já fui operado submetido a anestesia via éter e até a intervenções à seco (sem qualquer anestesia) para redução de fraturas e luxações, é algo instigante não sentir nada enquanto “estupram a sua menina dos olhos” e nem sequer acordar (pois não dormiu) com uma “menina dos olhos” nova em flor, ainda que vendo cores tendentes ao espectro frio do arco- íris (tendência ao azul). É quase como aquelas operações de reconstituição do hímen perdido das donzelas da metade do século XX em alguma aventura noturna, que as famílias abastadas proporcionavam às moçoilas casadoiras. Pois na época virgindade só deveria ser perdida no casamento. Graças à Jeovah ( aqui com maiúscula) isso foi revertido na revolução sexual dos anos setenta/oitenta do século vinte…e olha que essa era uma operação cara, pois era realizada na Suíça…KKKKKKKKKK.
Mas, o pior acontecia quando a moça recauchutada voltava ao Brasil e era novamente extraviada por algum sedutor da hora…Aí não tinha mais jeito, pois não havia aba de hímen que sustentasse uma nova “costura”. KKKKKKKKK.
Amanhã vou submeter o meu olho direito ao mesmo procedimento com a esperança do mesmo resultado e, quem sabe, com a manutenção da percepção de cores do original.
Já estou até elucubrando qual será a teoria se algum espeleólogo vier a topar com a minha ossada daqui a uns duzentos ou trezentos anos e encontrar algumas fraturas, três implantes dentários e dois cristalinos “Zeiss”. Imaginem um Eric Von Daniken redivivo sustentando uma nova teoria de que “Eram os deuses astronautas”, ou que os humanos da época eram biônicos…Melhor não, prefiro ser cremado e que as cinzas sirvam de adubo para alguma árvore frutífera, lembrando as férias da minha infância na Ilha de Paquetá, onde pulávamos a grade do cemitério para roubar mangas…eram as melhores que já comi. Deve ser por causa do adubo. KKKK não, isso é à sério.
Bem amigos, depois de tantas perguntas repetitivas, acho que consegui externar as minhas mais relevantes observações sobre a cirurgia da catarata.
Grande abraço e obrigado pela preocupação de vocês
São Paulo, 14 de dezembro de 2017
TARCIZIO R. BARBOSA

O Brasil Feito Por Nós

(publicado no Whatsapp em 16/10/2017)
Meus caríssimos irmãos, amigos, companheiros – ou, resumindo, cambada!!! 
Tenho acompanhado aqui os debates políticos, com muita atenção e bem quietinho.  Não me manifesto porque não tenho a mesma desenvoltura no assunto e presto muita atenção para ver se aprendo alguma coisa!
E só estou me manifestando agora não propriamente para participar do debate, mas porque, caramba, estou ficando confuso!!!  E, portanto, venho por meio desta (antigamente era bonito escrever “venho por meio desta”, não obstante as possíveis conotações – e se der, mais adiante vou também usar “outrossim”, que era, da mesma forma, muito elegante), enfim, venho por meio desta, pedir socorro – preciso de esclarecimentos.
Pra começar, eu – que jamais errei um esquerda, volver ou um direita, volver – já não sei direito onde é a esquerda e onde é a direita!!!  Às vezes parece que estou virando para a direita, mas logo percebo que não, aí é a esquerda – e vice-versa!!! 
Minha própria mão esquerda já não está querendo me obedecer, pois com tudo isso ela acabou descobrindo que eu tenho outra!!!  Será que estou sendo acometido por essa doença incurável que tem sido bastante comentada aqui e cujos sintomas me parecem não ter sido ainda totalmente catalogados – a esquerdopatia?
Mas, gente, hoje mesmo, quando fui à padaria (é uma das minhas tarefas mais importantes de aposentado) eu reparei que, na ida, a esquerda estava de um lado, mas na volta tinha trocado de lado!!! 
É bem verdade que lá pelos idos de 1970 eu já tinha botado pra rachar e aprendi com Caetano Veloso que a esquerda é do outro lado do lado de lá, do lado que é lá do lado de lá. 
Ou seria a direita?
Cheguei em casa, larguei o pão na cozinha e fui correndo conferir no espelho.  Quase entro em estado de choque: sabem onde estava minha mão esquerda, no reflexo do espelho?  Isso mesmo, gente, do lado direito!!!
Caramba!!!  Quero morrer!!!  Quero morrer já!!!  (o som é seu, o sol é meu, quero viver
quero viver lá!
).  Menos mal que de vez em quando posso contar com as explicações altamente esclarecedoras e extremamente didáticas do Blascheck!!!  Será que o tal chazinho, afinal, é um remédio eficaz contra a tal doença?  Alguém aí me manda um pouco desse chá?
Mas respirei fundo, procurei me acalmar e fui buscar toda a experiência que acumulei ao longo da vida.  E um dos ensinamentos mais preciosos que a vida me trouxe foi de que, quando não resta nenhuma outra opção, devemos ler o manual.  Não há dúvida, o manual é o melhor amigo das dúvidas. 
E, assim, fui consultar a Wikipedia.

Esquerda x Direita

Lá, descobri que os termos “política de direita” e “política de esquerda” foram cunhados durante a Revolução Francesa (1789–99), e referiam-se ao lugar onde políticos se sentavam no parlamento francês; os que estavam sentados à direita da cadeira do presidente parlamentar foram amplamente favoráveis ao antigo regime, o Ancien Régime.
E até onde consegui pesquisar, não consegui identificar dentre esses políticos nenhum militar!  Nem de um lado nem do outro.  Se havia, era algum S2 e estava disfarçado!!!
No espectro político, a esquerda se caracteriza pela defesa de uma maior igualdade social. Normalmente, envolve uma preocupação com os cidadãos que são considerados em desvantagem em relação aos outros e uma suposição de que há desigualdades injustificadas que devem ser reduzidas ou abolidas.
Já a direita descreve uma visão ou posição específica que aceita a hierarquia social ou desigualdade social como inevitável, natural, normal ou até desejável.  Esta postura política geralmente justifica esta posição com base no direito natural e na tradição.
De acordo com o eixo mais simples Esquerda política x Direita política, o comunismo e o socialismo são geralmente considerados internacionalmente como sendo de esquerda, enquanto o liberalismo e o conservadorismo ficam à direita.
Ora, muito bem, assim ficou mais fácil de entender. 
O problema, entretanto, é que o Liberalismo, por exemplo, pode significar coisas diferentes em contextos diferentes, às vezes à esquerda (liberalismo social ou social democracia), às vezes à direita (liberalismo econômico).  E o socialismo, em última análise, pode ser considerado um tipo de capitalismo de estado!!!
Comunismo?  Socialismo?  Liberalismo? Cacilda!!!
Logo vi que precisava me aprofundar mais – no bom sentido, claro.  E, depois de muita cepação, cheguei à conclusão que, afinal de contas, as coisas são muito simples: uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa!  E, obviamente, uma coisa não tem nada a ver com a outra coisa.
Porque quando contrapomos, por exemplo, parlamentarismo com presidencialismo estamos, na verdade, falando de sistema de governo.  Que não tem nada a ver com a forma de governo, que pode ser monarquia, república e coisa e tal ou a Forma de Estado, que pode ser unitário ou federal. 
Ahhhh, táaaa!!!  Estou entendendo (acho).  Mas e onde entra aí a democracia?
Não entra.  Isso tem a ver com as fontes de poder: Democracia (poder de muitos), Oligarquia (poder de poucos), Autocracia (poder de um) e, claro, as Híbridas (não confundir com as Hébridas, que é um grupo de ilhas na Escócia).
Ahá!!!  Agora sim, tenho quase certeza de que acho que estou entendendo! 
Por exemplo, eu morei pouco mais de três anos na Inglaterra – que é uma Monarquia Parlamentarista, cujo chefe de governo, o Primeiro-Ministro, é escolhido dentre parlamentares democraticamente eleitos e, portanto, seu poder vem do povo.  Já o poder da Rainha, Chefe de Estado, é absoluto e hereditário.
Não obstante, nunca me senti tão assistido como nesse período que lá morei: assistência médica totalmente gratuita, para todos, inclusive para mim e minha família, estrangeiros com visto de residência.  Entendi que a saúde de todos os que lá estão para trabalhar pelo bem da nação é de interesse da sociedade e, assim, nunca precisei pagar por consulta médica, exames ou mesmo medicamentos.
Meu caçula tinha educação gratuita, mesmo porque até os 16 anos de idade o ensino é obrigatório e, portanto, logicamente, totalmente gratuito.  Estou falando, claro, da lógica inglesa: se é obrigatório não pode ser cobrado. 
Diferente, claro, da nossa lógica: é obrigatório, por exemplo, colocar o código CEP no endereçamento de correspondências, mas se você quiser o catálogo de códigos, tem que pagar por ele.  Se você precisa apresentar uma monografia ou uma tese ou mesmo alguns documentos a órgãos do governo, você, obrigatoriamente, tem que obedecer às normas e padrões da ABNT, mas, claro, para conhecer essas normas e padrões, tem que comprar o livrinho.  Enfim.
Percebe-se, lá, uma clara preocupação com o “social” e a qualidade de vida é, indubitavelmente, superior.  Isso quer dizer, então, que a Inglaterra é uma Monarquia Parlamentarista de esquerda ou socialista?
Pois não sei, mas acho que não.  Londres é a capital financeira da Europa e, portanto, um ícone do capitalismo.
Espera aí, pera aí, peraíííí!!!  O que tem a ver o capitalismo com a monarquia, o parlamentarismo ou a democracia?  Pois também não sei, fui perguntar aos universitários e, na falta destes (os professores estão em greve), voltei à Wikipedia.
O capitalismo é um sistema econômico baseado na propriedade privada dos meios de produção e na sua operação, com o objetivo de obter lucro. 
E um sistema econômico é o sistema de produção, distribuição e consumo de bens e serviços de uma economia.  Alternativamente, é o conjunto de princípios e técnicas com os quais os problemas de economia são endereçados (tais como o problema da escassez com a alocação de recursos produtivos limitados).
E o Socialismo também pode ser considerado um sistema econômico, pois se refere a qualquer uma das várias teorias de organização econômica que advogam a administração e propriedade pública ou coletiva dos meios de produção e distribuição de bens, propondo-se a construir uma sociedade caracterizada pela igualdade de oportunidades e meios para todos os indivíduos, com um método isonômico de compensação.
E o Comunismo, também é um sistema econômico?  Ah, bom, aí o buraco é mais embaixo!!!  O Comunismo não é apenas um sistema econômico, é uma ideologia política e socioeconômica, que pretendia promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum dos meios de produção.
Ou seja, é muito mais do que socialismo!  Ou bem menos, dependendo do ponto de vista!!!  Na verdade, não é uma coisa nem outra, antes muito pelo contrário.  Como uma ideologia política, o comunismo é geralmente considerado como a etapa final do socialismo.  O socialismo seria uma fase prévia necessária de acumulação de capital, antes do advento do comunismo.
Acumulação de capital!? Como diria o Wagner Pinto Alemão, num tô entendendo!!!  Mas, depois de tomar um golinho de chá que alguém me mandou, as coisas começaram a clarear, minha mente se iluminou!  (tanto que precisei botar os óculos escuros).   Acho que foi nesse momento que tirei a cabeça do buraco do Érico.  (calma, gente, estou falando da analogia que ele fez com o avestruz!).
E esse entendimento todo veio quando li os textos daquela professora que ficou famosa dias atrás.  Aquela que não se refere a menino e menina, pois não usa o artigo “o” nem o “a” para caracterizar o gênero que seria ainda, indefinido.  Refere-se a meninx!!! 
A propósito, recomendo que não tentem pronunciar essa palavra, muito menos no plural – meninxs – tive cãibra na língua, com risco de comprometer um terço de minha capacidade sexual, dos dois que ainda me restam.
Mas, como estava dizendo, minha mente se iluminou, imediatamente associei as coisas!  Eureka!  O comunismo era uma coisa ainda indefinida, não tinha se decidido por um lado ou por outro.  Por esse motivo, seu principal idealizador não assinava Mara ou Maro, assinava Marx!!!  E, coitado, que eu saiba, viveu e morreu sem se definir, a lápide no seu túmulo continua com x.
Mas deixemos isso pra lá, afinal, o comunismo já era.  Com apenas um punhado de exceções, todos os sistemas atualmente existentes são capitalistas na orientação, embora o papel econômico substancial do estado apoie a visão alternativa de que a economia mista emergiu como a forma dominante das organizações econômicas.
Ou alguém aí ainda acredita que o muro não caiu?  Ah, sei… tem alguém que acredita, né?
Mas neste ponto preciso confessar que ao acompanhar o debate dos colegas, estive confundindo as coisas.  Agora, só agora, entendo que não devemos confundir sistemas de governo com formas de governo ou a origem do poder ou o sistema econômico.
Aliás, me ocorre também que é possível termos aí uma infinidade de combinações, tipo “monarquia parlamentarista socialista”, “monarquia parlamentarista capitalista”, “presidencialismo socialista”, “presidencialismo capitalista” e assim por diante. 
Descobri até uma “estratocracia”, que é uma forma de governo liderada por chefes militares.  Numa estratocracia o líder não tem que ser autocrático, por natureza, a fim de preservar o seu direito de governar.  O poder político dos militares é apoiado por lei e pela sociedade.  E uma estratocracia poderia adotar um sistema econômico socialista ou capitalista e, assim, colocar-se à esquerda ou à direita, no espectro político!

Brasil? Fraude explica.

Tá, tá, tá!!! Mas o que tudo isso tem a ver com a atual situação do nosso país? 
Pois atrevo-me dizer, agora que estou ficando doutor no assunto, que muito pouco tem a ver, ou quase nada!!!  Em tese, claro.  Pois todos sabemos que o Brasil é um país geométrico – tem problemas angulares, discutidos em mesas redondas, por um monte de bestas quadradas.
O que estou querendo dizer é que não me parece que faria diferença qual a forma e o sistema de governo e nem mesmo o sistema econômico adotados – isso por si só não teria reflexos positivos, por exemplo, nos índices da corrupção endêmica que assola o país desde longa data.
Porque, gente, o Brasil era ainda Império, quando Charles Darwin passou por aqui e dá vontade de chorar quando lemos o que ele escreveu a respeito dos brasileiros: “Os brasileiros, até onde vai minha capacidade de julgamento, possuem somente uma pequena quantia daquelas qualidades que dão dignidade à humanidade”, escreveu em 3 de julho de 1832.  “Ignorantes, covardes e indolentes ao extremo; hospitaleiros e bem-humorados enquanto isso não lhes causar problemas”, completa.  A corrupção ganha destaque especial: “Não importa o tamanho das acusações que possam existir contra um homem de posses, é seguro que em pouco tempo ele estará livre. Todos aqui podem ser subornados”, afirmou Darwin.
E nem vou falar que teve uma bolsa roubada, tentaram aplicar-lhe o golpe na conta do restaurante e ficou horrorizado com a forma com que os negros eram tratados.  Chegou a anotar que há brasileiros que “são tão desprezíveis mentalmente quanto são miseráveis as suas pessoas”.
E nem fui tão longe, Charles Darwin esteve no Brasil na década de 30 do século XIX, já tínhamos mais de 300 anos de história.  Era a época da Regência, porque D. Pedro II era ainda uma criança.  Depois sua maioridade foi decretada, veio o Império, mais adiante as Repúblicas (a Primeira e a Segunda), a Era Vargas, a República Nova, o Regime Militar e esta Nova República que se seguiu ao fim do regime militar.
Isto é, tivemos várias constituições, diferentes formas de governo, diferentes sistemas de governo – ora mais à esquerda, ora mais à direita.  E nada mudou!!!
Ou, desculpem, mudou sim.  Nos últimos anos, é preciso reconhecer, a corrupção deixou de ser apenas endêmica e passou a ser também sistêmica!   E, não se iludam companheiros, a mesma corrupção que hoje se evidencia no âmbito federal atinge também, com toda a certeza, os demais níveis.  Nunca antes neste país se viu tanta corrupção!!!
Não estou dizendo que todos aqueles governos foram corruptos, mas não tenho dúvidas de que em maior ou menor grau (e talvez nem tão menor), a corrupção continuou existindo. 
E a corrupção, senhores, é o câncer que corrói a sociedade em todos os seus aspectos – de dentro para fora.  E de câncer eu entendo – já me livrei de dois!!!
Disse um tal de Klitgaard que a corrupção ocorrerá se o ganho corrompido for maior que a penalidade multiplicada pela probabilidade de ser pego e processado: Ganho pela corrupção > Penalidade × Probabilidade de ser pego e processado.
Mas, claro, o resultado dessa fórmula não leva automaticamente à corrupção, é preciso também fraqueza moral, baixa integridade e negligência à ética.  E isso não tem a ver com formas de governo, sistemas de governo, fonte de poder, etc. – tem a ver com a nossa cultura.

Cultura

Cultura é um conceito de várias acepções, sendo a mais corrente, a definição genérica segundo a qual cultura é “todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade“. 
Cultura é um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais artificiais (isto é, não naturais ou biológicos) aprendidos de geração em geração por meio da vida em sociedade.  E, portanto, pode ser modificada, pode ser melhorada.  E poderia ter sido.  Sem necessidade de mexer com a forma de governo, o sistema de governo ou o sistema econômico.
Essa a conclusão a que cheguei.  Se quiserem, podemos continuar a conversa a partir deste ponto.  Afinal, conforme dizia meu conterrâneo (e, portanto, conterrâneo também do Domingues e do Quintian) – o Barão de Itararé, “o Brasil é feito por nós”.
E acrescentava: “Só falta agora desatá-los.!!!
Mas o que se tem feito para melhorar nossa cultura? 
Nada, muito pelo contrário.  O que vemos, atualmente, é exatamente o oposto, tentativas sub-reptícias (e algumas bem explícitas, como essa da “ideologia de gênero”) de piorá-la, num claro projeto de implementação do “Decálogo de Lênin”, o qual, aliás, não se sabe quem escreveu, certamente não foi Lenin!
O “Decálogo de Lênin”, amplamente repetido em sites nacionais, nada mais é do que uma versão abrasileirada de um documento apócrifo, supostamente soviético, difundido nos Estados Unidos há décadas, intitulado “Rules for Revolution”.
Quanto à ideologia de gênero, já dizia Millôr Fernandes: “Cuidado com as imitações: sexo, só existem dois!”.  É, sem dúvida, uma tentativa espúria de desestabilizar a família, sabe-se lá com quais intenções.  Soube aqui mesmo, nas redes sociais, que o Peru se levantou contra essa tal ideologia e endureceu.  Mas, aqui, parece que não levanta mais nada!!!
Verifiquei, entretanto, outras tentativas menos explícitas, mais sutis.  Uma delas, que já circulou por aqui e está rodando pelo Facebook, defende que os professores devem apenas ensinar as matérias do currículo e a educação deve ser dada em casa.
Pois discordo frontalmente!  A educação das nossas crianças é responsabilidade de toda a sociedade e não apenas dos pais, os quais, muitas vezes, nem têm isso para oferecer a seus filhos.
E quando as crianças não estão em casa, estão na escola ou na natação ou sei lá!  Pois são essas pessoas que irão – queiram ou não – contribuir com a formação dos futuros cidadãos.  Melhor seria se quisessem e fossem preparados para isso, certo?
Nesse assunto fico com Rubem Alves quando disse (Conversas Com Quem Gosta de Ensinar, Editora Cortez) que precisamos de menos professores e mais educadores.  E acrescento que deveriam ser expurgados do sistema de ensino e, se possível, até do convívio em sociedade, todos esses que se dizem professorxs!
Voltando à Inglaterra, lá qualquer adulto repreende uma criança se esta estiver aprontando.  E os pais ainda agradecem!  Eu mesmo vi isso algumas vezes, uma delas no metrô: um pai muito constrangido agradecendo ao repreensor e pedindo desculpas aos demais passageiros pelo comportamento do filho.  E, em seguida, deu um esporro no guri que até eu fiquei embaraçado!
Vejam bem, não estou aqui querendo dizer que os ingleses são perfeitos nem mesmo melhores do que nós – eu mesmo poderia listar uma série de outras características de nossa cultura que, na minha opinião, são melhores do que as inglesas.
O que estou tentando dizer é que é possível e desejável buscar, onde quer que estejam, políticas, hábitos e costumes mais salutares, que promovam nosso desenvolvimento – e não o contrário.
Tampouco estou querendo dizer que não se deve debater quais os sistemas de governo ou sistemas econômicos seriam mais adequados para o nosso país.  O que estou dizendo é que se o Brasil é feito por nós, deveríamos nos concentrar no nó principal, a nossa cultura.  Chega de jeitinho brasileiro, basta de querer levar vantagem em tudo!!!
Mas isso, claro, é só uma opinião – para ser criticada, debatida, censurada, aprovada ou desaprovada e, se assim for, certamente, ao final, aprimorada.
E, se depois de tudo isso que escrevi, alguém quiser me classificar ou rotular, peço, por obséquio, que me coloquem lá no cantinho mais à direita da direita – ali ficarei mais à vontade!

Este Grupo Pode

De qualquer forma, acho que este grupo pode (sem “ph”) muito mais do que nós mesmo pensamos.  Nossa união é a nossa força, não é assim?  Pois então, cambada, vamos manter nossa união e de forma organizada.
O Érico propõe que tiremos a cabeça do buraco, alguém discorda disso?  Afinal, quem aqui ainda tem vigor para manter a cabeça no buraco o tempo todo?   Pois então vamos nessa!!!  Vamos tentar direcionar nossos esforços para aquilo que nos une e não para o que nos divide!  Vamos somar, aumentar nossa união e, assim, revigorar nossa força! 
Vamos, por ora, deixar de lado nossas divergências e tentar definir objetivos comuns e trabalhar por esses objetivos!  Supondo que sejamos cerca de 300 (estou arredondando para baixo), se cada um de nós conseguir influenciar 5 pessoas ao nosso redor, já seríamos 1800 que, por sua vez, poderiam influenciar outros cinco e assim por diante (quem aí lembra dessa aula para ajudar com os cálculos?).
Proponho, pois, que nos organizemos nesse sentido.  Afinal, o Brasil é feito por nós (e aqui utilizo o pronome da primeira pessoa do plural e não o substantivo)!!!
É claro, eu sei que não se muda a cultura de uma nação da noite para o dia, podem ser necessárias gerações depois que se comece.  Mas alguém, em algum momento, tem que começar!!!  Isso é apenas um exemplo de movimento que poderíamos encabeçar (no bom sentido, claro).  
Mas há outras coisas que precisam ser feitas e muitas sem demora.  Várias destas, senão todas, relacionadas com as eleições que ocorrerão já no próximo ano. 
E nesse sentido, aí vai outro exemplo: nesta última década e meia todos os órgãos e departamentos, setores, seções – as mais recônditas – foram aparelhados.  E é daí certamente que continuam vindo os ataques à sociedade e às pessoas do bem, dessas mentes esdrúxulas que ou não têm consciência do que defendem ou estão a serviço de interesses escusos.
Como se fará, eu pergunto, para – independentemente do sistema de governo, da forma, da fonte de poder, etc. – promover um rápido desaparelhamento e estancar essa sangria?  Nosso grupo poderia, de alguma forma, contribuir com isso?
É verdade também que não temos armas, a população foi desarmada e precisamos, nós brasileiros, reverter isso.  Mas armas grandes e poderosas nunca foram garantia de vitórias em guerras. 

Diarréia Mental

Nós podemos e devemos buscar a única arma que é genuinamente imortal: a ideia certa.  Isso nos levará à vitória.
E, para concluir, transcrevo abaixo um texto atribuído a Leon Tolstoi:
Um homem livre dirá com sinceridade o que está pensando e sentindo, em meio a milhares de homens que por seus atos e palavras atestam exatamente o contrário.  Aparentemente, aquele que expressa sua opinião com franqueza fica só; e, no entanto, quase todos os demais pensam e sentem da mesma maneira, apenas sem a coragem de demonstrá-lo.  E aquilo que era ontem a opinião isolada de uma pessoa torna-se hoje o consenso geral da maioria.  E logo que essa opinião é estabelecida, imediatamente, em degraus imperceptíveis mas sem o perigo das frustrações, o comportamento da humanidade começa a se alterar.”
Desculpem, me empolguei!  Deve ser efeito do chazinho!!!  Tá funcionando pro meu cérebro que nem laxante pro intestino!!! 
Tolstoi dizia também que “basta que cada indivíduo diga aquilo que realmente sente ou pensa, ou, pelo menos, que não diga aquilo que não pensa”.  Ele sustentava que mesmo que somente uma pequena minoria procedesse assim, a falsa opinião ruiria por terra e viria à tona a verdadeira opinião do povo.
Pois acho que já passou da hora de mostrar que não temos sangue de barata como dizem por aí.  Ou, sei lá, comprar uma latinha de Neocid e misturar no chá!!!
70-213 73-027 Belli.
Brasília (DF), 16/10/2017.
 

Carta para Tiradentes

por 70-120 73-116 Clos

(publicado no e-groups em 21/04/2017)
Caro Joaquim José da Silva Xavier:
Hoje é 21 de abril e eu tinha que te escrever. Passaram-se mais de duzentos anos e tenho notícias para ti parceiro. Lutaste contra o quinto e a derrama; lutaste contra o espoliador Portugal; tu foste considerado infame réu por crime de lesa-majestade e subiste ao patíbulo para a “inglória”.  A tua tão sonhada independência e república vieram, muito tempo depois. Já tivemos diversas fases de república no Brasil, mas te digo uma coisa, a atual tu não gostarias de conhecer. Meu amigo mineiro, o troço aqui desandou de vez, e, sei que se vivesses hoje, TU MESMO CORRERIAS PARA O PATÍBULO E TE ENFORCARIAS.
No cadinho da nova república foram fundidos os maiores políticos ladrões que a terra do Brasil conheceu. Teu crime de lesa-majestade é fichinha. Venha conhecer nossos políticos de hoje que todos os dias cometem crime de lesa-pátria e são elevados à glória. O quinto? Hoje, meu amigo, virou em quatro quintos! Os bancos internacionais, as petrolíferas, as montadoras, mineradoras e outras levam muito mais que um quinto, o que Portugal tirava e que tu nunca aceitaste. Hoje nós aceitamos que tudo nos tirem inclusive a dignidade, o que tu tinhas de sobra.  Ficamos apáticos e entregues às moscas, acredite. Nossos políticos roubam descaradamente, o judiciário, que tu conheceste tão cruel nesse tempo, hoje parece que fecha os olhos e deixa rolar a roubalheira. Lesa-pátria? Aqui, hoje é herói! Tu não conheceste, mas temos o petróleo, nióbio, manganês e outros minérios, tudo entregue a preço de banana. Nós continuamos como na tua época, sendo explorados pelos de fora e roubados pelos de dentro. A população cresceu, e como! Sabe aqueles esgotos de Vila Rica, expostos? Acredite ainda existe hoje, tu não acreditarias no que visse. Tu literalmente ficarias envergonhado no que nos tornamos.  Ah! Esqueci-me de te falar. Os escravos negros foram libertos mais adiante lá em 1888. Custou não é mesmo? Mas, não fique tão faceiro, agora somos todos escravos no Brasil. Somos escravos do consumismo, da mídia mentirosa, dos políticos ladrões, dos bancos escorchantes e da tecnologia estrangeira.
Vivemos na mesma pindaíba que em Vila Rica do teu tempo. Só ficamos mais limpinhos e cheirosos.
Abraços Tiradentes. Não esquenta, tu fizeste o possível.

A HISTÓRIA DO FUTURO

(Prof. Tarcizio)

Aos setenta e cinco anos – e meio – já vividos, constato que o Brasil se tornou previsível em vários aspectos. É quase como um Bolero de Ravel ao inverso. Ao invés da genial composição musical que vai sempre em crescendo até a apoteose decafônica do final, nosso país vai num morrendo que beira o modorrento acalanto que precede a morte.
Já foi o tempo em que heroicos cidadãos se lançavam à luta – e à morte – em defesa de seus ideais. Isso se vê na história passada dos feitos das muitas guerras e batalhas, ganhas ou perdidas, que nossa história registra. Algumas, é verdade, registradas com deturpações de monta.
Para não recuar para muito longe vejo a dita “história oficial” tratar a revolução de 1964 de forma sectária, sob a ótica dos vencidos na ocasião. E isso ninguém me contou, eu vivenciei a verdade.
O que dizer então da revolução constitucionalista de 32? Essa é cantada como vitória, enquanto derrota foi. Nada contra seus ideais professados, mas contra a forma de torcer a realidade crua…foi sim, uma derrota com todas as letras e o sepultamento de nobres ideais, pelo menos por algum tempo.
Tanto numa – 1932 – quanto noutra – 1964 – gente morreu em ambos os lados. E morreram para não compactuar com o que consideravam avesso às próprias convicções. Isso chama-se integridade de caráter. E cumpre a qualquer alma democrática respeitar a opinião dos outros, ainda que não concorde com ela.
Agora, deixando o passado e olhando à frente, o que vemos é um mascaramento safado de “doutrinas” flexíveis que mais confundem do que esclarecem. E isso parece mirar o indisfarçável propósito de criar, tanto quanto possível, cortinas de fumaça que afastem aqueles que se recusam a aprofundar seus pensamentos e conhecimentos, do real âmago da questão.
Nesta quadra de pensamentos prontos, via internet, marqueteiros e afins, a preguiça mental impera soberana.
O “prêt-a-porter” das frases prontas mascara sentidos ocultos, insondáveis na superfície.
Após a segunda guerra mundial, e até a falência da União Soviética, explicitada pela Glasnost de Gorbachev , culminando com a demolição do muro de Berlim, era fácil a identificação doutrinária: ou se era comunista (esquerdista, por definição) ou capitalista (direitista, é claro). Essa era a dicotomia, e pronto.
E hoje? E no futuro?
Agora, a natural mania das pessoas em complicar aquilo que deveria permanecer simples, leva ao tal enevoamento. Tentando por exemplo, misturar conceitos filosóficos conflitantes em um mesmo “ragu” indigesto.
Veja-se a ideia corrente de amalgamar socialismo com democracia. Não é possível, até por definição e pela “praxis”.
Para não ir muito longe, conceituemos que socialismo é “toda doutrina que prega uma transformação radical do regime social (de um povo ou nação), sobretudo da propriedade…(sociol.) doutrina que preconiza a propriedade coletiva dos meios de produção (terra e capital) e a organização de uma sociedade sem classes” (in Michaellis, Moderno Dicionário da Língua Portuguesa, 1998, Melhoramentos, pág.1961).
Já democracia, é “o governo do povo, sistema em que cada cidadão participa do governo” (opus cit, pág. 651).
A incongruência está na própria definição de ambas, não se conseguem “transformações radicais” sem intervenção totalitária. E intervenções totalitárias são, também, por definição, incompatíveis com a “participação de todos e cada um, no governo”. Pois, como já pontificava Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. E só se pode produzir “transformação radical” com a imposição de unanimidade à força…ditatorial, é claro.
E essa verdade é absoluta. Vide Coréia do Norte, Cuba e, mais recentemente, Venezuela.
Isso posto, o que nos reserva a história futura?
Segundo Murphy, “as pessoas sempre chegam a melhor solução para um problema. Mas, só depois de esgotarem todas as demais”.
Acredito que estamos chegando ao fim de todas as soluções tentadas, com o absurdo de mais de trinta partidos políticos, não sei quantos Ministérios (já perdi a conta) e mais de 4.000 funcionários lotados no Palácio do Planalto, contra 450 na Casa Branca. Deve ser porque o governo americano é menos complexo que o brasileiro. Deve ser, pois lá ainda não se chegou à esbórnia do Estado provedor ou do trabalho criado, inútil, por suposto.
Em se chegando ao fim dessa quadra perversa, a história futura nos deverá levar de volta à simplicidade do racional: partidos políticos com conteúdo e programa, racionalização da máquina administrativa e convicção de que política é dação e não carreira.
Na nossa futura democracia (se lá chegarmos), não haverá espaço para o atual modo Orwelliano onde “todos são iguais perante a lei (in CF, art 5º, caput), mas alguns são mais iguais que outros (in Revolução dos Bichos, texto) ”.
Aliás, que democracia é esta que temos, onde “vicejam” proclamados “reis” do futebol – “imperadores” também (i.e. Adriano) – do “ônibus”, da “canção” etc. “Barões” do tráfico, da soja e outros tantos títulos nobiliárquicos que pertencem a realeza e não à democracia do povo, tal como se define?
Da mesma maneira, pressupondo que numa democracia que se preze todos são, sim, iguais, o que dizer de tratamentos diferenciados como Excelências, Senhorias, Professores-Doutores e outros penduricalhos como “Magnífico Reitor” etc.?
Um respeitoso senhor e senhora já bastaria para todos e qualquer um, pois não?
E foros privilegiados?…sem comentários adicionais.
Também as castas políticas, onde o poder se passa de pai para filho – ou filha – e para apaniguados seguidores, ou as castas da esfera jurídica onde ministros se empenham em emplacar a prole em cargos de juízes (as), procuradores (as) e que tais, não se coadunam com os ideais democráticos. Mas, cabem qual luvas em…monarquias. E, na história do futuro, isso será história do passado…mercê de Deus.
Para a história do futuro tornar-se história do passado e, aí sim, tornar-se História com “H” maiúsculo, precisamos de povo educado e de nação pensante…além do “whatsapp” e da “Wikipédia”…e, segundo nos ensina a história do Império Britânico do século XIX, onde o “sol jamais se punha”, tal a sua extensão ao redor do globo, isso leva no mínimo…cinco gerações. E é para lá que a nossa história mira, se começarmos a trilhar essa senda agora!
E já é tarde para começarmos!
São Paulo, 21 de agosto de 2017
TARCIZIO R. BARBOSA