Fluzão
Enviado por 70-143 Pamplona
Tri-Campeão Brasileiro
1970 – 1984 – 2010
Domingo, 3 de dezembro de 2010, exorcitarei o Sobrenatural de Almeida e rumarei, novamente, para Barueri, para assistir o que está escrito a mais de 1000 anos: ver o Fluzão dar mais um passo para a conquista do Campeonato Brasileiro de 2010.
Impossível esquecer o 1984 e o de 1970.
Alias, por falar em 1970 e o Campeonato Brasileiro, me vem a mente o dia 16 de dezembro de 1970. Uma quarta-feira.
O campeonato entrará em seu quadrangular decisivo. Fluminense, Palmeiras, Atlético Mineiro e Cruzeiro.
O Fluminense jogara no domingo contra o Palmeiras, no Maracanã e lá estava eu para presenciar a vitória do meu Fluzão por 1 x 0. Gol de Mickey.
16 de dezembro. O dia amanheceu como de costume. Com o filho da p… do corneteiro tocando a alvorada às 05h45.
Levantamos, ranchamos e ao me dirigir ao pátio de formatura com o 70-175 Paiva, já o perturbava, coisa que vinha fazendo desde segunda, com a iminente vitória do Fluzão naquela noite.
Não me recordo se o Paiva era atleticano ou cruzeirense, mas acredito que deveria ser cruzeirense, pois entrou na pilha.
Bem, caminhávamos para o Pátio da Bandeira e dizia que o meu Fluzão iria ganhar.
Ele, como bom e bem mineiro que é, retrucava, até que o desafiei a irmos para BH ver o jogo.
O que no início parecia uma loucura, pois era uma quarta-feira, tomou forma ao longo do dia e, após o sinal da última aula corremos para o alojamento, trocamos a farda por roupa civil, descemos as escadas numa desabalada sem precedentes até o rancho, saímos por trás do alojamento, passamos pela entrada do rancho dos oficiais, deixamos a caixa d’água, subimos a ladeira e, chegando à frente da escola, pulamos para a linha do trem e continuamos a correr desabaladamente, pois o último ônibus que nos poria em BH a tempo de vermos o jogo já estava de partida.
A volta já estava toda planejada: chegaríamos ao Mineirão, nos dirigiríamos a torcida do Fluzão, da qual fazia parte antes de ir para BQ, e falaria com o pessoal que pegaríamos uma carona em um dos ônibus para voltarmos à escola.
Simples assim.
Saltamos em BH e, sob o comando do Paiva, chegamos ao Mineirão.
Fomos à torcida e ……
Primeiro revés.
Não poderia voltar, a princípio, no ônibus, pois estavam lotados e havia acabado de ser promulgada uma lei que não podia haver passageiros em pé em viagens inter-estaduais.
Mas o pessoal disse que tentaria dar um jeito e sentamos para ver mais uma vitória do Fluzão por 1 x 0.
Novamente Mickey, só que, ao invés de ser aos 34 minutos do primeiro tempo, foi aos 35.
Saímos felizes da vida, pelo menos eu, e fomos para os ônibus.
Maior confusão. A torcida do Cruzeiro não nos deixava chegar aos ônibus, a polícia enfiava a porrada em qualquer um e, um a um, os vidros dos ônibus foram quebrados.
Amainada a confusão, não podemos entrar no ônibus. Não houve jeito. O motorista estava irredutível.
Mas, como para tudo na vida há um jeito, um dos meus amigos ficou perturbando o motorista, demos a volta, nos apoiamos no pneu traseiro e entramos pela janela quebrada. Ficamos escondidos no chão de um dos bancos e lá se foi o ônibus rumo ao Rio.
A ventania dentro do ônibus, a essa altura, não incomodava nada. Mentira.
Por volta das 5 da madrugada, finalmente o ônibus para na Patrulha Rodoviária na entrada de BQ e nós dois descemos e rumamos para a linha do trem, em diereção à escola.
O cansaço não era nada diante do medo e da euforia da aventura, mas o tempo urgia!
Conseguimos chegar ao muro em frente à escola às 05h45. Pulamos e, numa decisão rápida, resolvemos entrar pela frente da escola, pelo túnel ao lado do paiol. Não havia mais tempo.
Saímos no pátio do rancho ao mesmo tempo que o filho da p…. do corneteiro tocava a alvorada.
Só aí nos demos conta que estávamos de roupa civil e brancos, cobertos de pó de arroz.
Os madrugadores não acreditavam no que viam e, como coriscos, subimos a escada para o alojamento, tiramos a roupa mais do que depressa e, ainda na correria, fomos para o chuveiro.
Foi o tempo certo para o sargento de dia entrar no alojamento a procura de nós e nós não mais estávamos lá.
Nem é preciso dizer que as aulas do dia foram, por nós vista, nos braços de Morfeu!
No domingo seguinte o Fluzão empatou com o Galo por a 1 x 1, mais uma vez com gol de Michey, aos 33 minutos do primeiro tempo!
Em 1984 estava nos 2 jogos no Maracanã contra o Vasco. Na primeira, 1 x 0, gol de Romerito e no segundo, 0 x 0.
Está escrito há mais de 1000 anos……