Causos, contos, pagação de mistério e outras mensagens e textos setentianos.

Fluzão

Enviado por 70-143 Pamplona

 
Tri-Campeão Brasileiro
1970 – 1984 – 2010

Domingo, 3 de dezembro de 2010, exorcitarei o Sobrenatural de Almeida e rumarei, novamente, para Barueri, para assistir o que está escrito a mais de 1000 anos: ver o Fluzão dar mais um passo para a conquista do Campeonato Brasileiro de 2010.
Impossível esquecer o 1984 e o de 1970.
Alias, por falar em 1970 e o Campeonato Brasileiro, me vem a mente o dia 16 de dezembro de 1970. Uma quarta-feira.
O campeonato entrará em seu quadrangular decisivo. Fluminense, Palmeiras, Atlético Mineiro e Cruzeiro.
O Fluminense jogara no domingo contra o Palmeiras, no Maracanã e lá estava eu para presenciar a vitória do meu Fluzão por 1 x 0. Gol de Mickey.
16 de dezembro. O dia amanheceu como de costume. Com o filho da p… do corneteiro tocando a alvorada às 05h45.
Levantamos, ranchamos e ao me dirigir ao pátio de formatura com o 70-175 Paiva, já o perturbava, coisa que vinha fazendo desde segunda, com a iminente vitória do Fluzão naquela noite.
Não me recordo se o Paiva era atleticano ou cruzeirense, mas acredito que deveria ser cruzeirense, pois entrou na pilha.
Bem, caminhávamos para o Pátio da Bandeira e dizia que o meu Fluzão iria ganhar.
Ele, como bom e bem mineiro que é, retrucava, até que o desafiei a irmos para BH ver o jogo.
O que no início parecia uma loucura, pois era uma quarta-feira, tomou forma ao longo do dia e, após o sinal da última aula corremos para o alojamento, trocamos a farda por roupa civil, descemos as escadas numa desabalada sem precedentes até o rancho, saímos por trás do alojamento, passamos pela entrada do rancho dos oficiais, deixamos a caixa d’água, subimos a ladeira e, chegando à frente da escola, pulamos para a linha do trem e continuamos a correr desabaladamente, pois o último ônibus que nos poria em BH a tempo de vermos o jogo já estava de partida.
A volta já estava toda planejada: chegaríamos ao Mineirão, nos dirigiríamos a torcida do Fluzão, da qual fazia parte antes de ir para BQ, e falaria com o pessoal que pegaríamos uma carona em um dos ônibus para voltarmos à escola.
Simples assim.
Saltamos em BH e, sob o comando do Paiva, chegamos ao Mineirão.
Fomos à torcida e ……
Primeiro revés.
Não poderia voltar, a princípio, no ônibus, pois estavam lotados e havia acabado de ser promulgada uma lei que não podia haver passageiros em pé em viagens inter-estaduais.
Mas o pessoal disse que tentaria dar um jeito e sentamos para ver mais uma vitória do Fluzão por 1 x 0.
Novamente Mickey, só que, ao invés de ser aos 34 minutos do primeiro tempo, foi aos 35.
Saímos felizes da vida, pelo menos eu, e fomos para os ônibus.
Maior confusão. A torcida do Cruzeiro não nos deixava chegar aos ônibus, a polícia enfiava a porrada em qualquer um e, um a um, os vidros dos ônibus foram quebrados.
Amainada a confusão, não podemos entrar no ônibus. Não houve jeito. O motorista estava irredutível.
Mas, como para tudo na vida há um jeito, um dos meus amigos ficou perturbando o motorista, demos a volta, nos apoiamos no pneu traseiro e entramos pela janela quebrada. Ficamos escondidos no chão de um dos bancos e lá se foi o ônibus rumo ao Rio.
A ventania dentro do ônibus, a essa altura, não incomodava nada. Mentira.
Por volta das 5 da madrugada, finalmente o ônibus para na Patrulha Rodoviária na entrada de BQ e nós dois descemos e rumamos para a linha do trem, em diereção à escola.
O cansaço não era nada diante do medo e da euforia da aventura, mas o tempo urgia!
Conseguimos chegar ao muro em frente à escola às 05h45. Pulamos e, numa decisão rápida, resolvemos entrar pela frente da escola, pelo túnel ao lado do paiol. Não havia mais tempo.
Saímos no pátio do rancho ao mesmo tempo que o filho da p…. do corneteiro tocava a alvorada.
Só aí nos demos conta que estávamos de roupa civil e brancos, cobertos de pó de arroz.
Os madrugadores não acreditavam no que viam e, como coriscos, subimos a escada para o alojamento, tiramos a roupa mais do que depressa e, ainda na correria, fomos para o chuveiro.
Foi o tempo certo para o sargento de dia entrar no alojamento a procura de nós e nós não mais estávamos lá.
Nem é preciso dizer que as aulas do dia foram, por nós vista, nos braços de Morfeu!
No domingo seguinte o Fluzão empatou com o Galo por a 1 x 1, mais uma vez com gol de Michey, aos 33 minutos do primeiro tempo!
Em 1984 estava nos 2 jogos no Maracanã contra o Vasco. Na primeira, 1 x 0, gol de Romerito e no segundo, 0 x 0.
Está escrito há mais de 1000 anos……

Nosso amigo Milicão

por 70-180 Dias

(publicado no e-groups em 16/05/2017)
Sei de colegas que costumam contar aos seus netinhos e netinhas que, durante seu tempo de EPCAR, jamais dormitaram fora de hora.   Um parêntese:  agora na turma de 70, só teremos vovôs, com exceção de uns candidatos a super-herói, aqueles para quem o tempo não passa e a gravidade (aquela força desagradável que puxa tudo para baixo) não existe.  É a vida!
Bom, todo mundo sabe que os vovôs foram feitos para contar histórias fabulosas para a prole de sua prole. Se você é vovô e ainda não teve a oportunidade de exercitar essa faculdade, aguarde, você há de se pegar, em breve, assim:

– No meu tempo de Escola, ah, todo dia eu acordava antes dos galos, assistia a oito aulas, todo dia fazia ginástica, instrução militar, tirava serviço, levava roupa na lavanderia, à noite ainda ia até a cidade e…

– Mas, vovô, não era proibido sair da Escola durante a semana?

– Era, mas havia umas instruções táticas noturnas, o VI, voo por instrumentos.

– Ué, você já era piloto na Escola?

– Ainda não. Isso era um código para uma ação secreta nas zonas, quero dizer, nas regiões perigosas da cidade. Coisa de militar.

– Você usava arma, vovô?

– Não, não, era combate corpo a corpo. Delicioso… Terrível, terrível!

Agora, vovô, dizer que nunca tirou um cochilinho durante uma aula, ou numa palestra no auditório, ou durante um daqueles filmes de física, peraí, não fica bem para um sujeito que já tem direito a passe livre em ônibus e não precisa entrar em fila nos bancos (e numa pelada, quando ainda aguenta uma pelada, qualquer que seja a pelada, fica sempre no time dos cotonetes, quando ainda tem cabelo). Não sei quanto ao resto, mas, afirmar que nunca dormiu durante um filme nas aulas de física, meu camarada, é uma mentira descarada!
Tudo bem, você viu aquele mostrando as asas de um beija-flor batendo lentamente, outro em que uma bala de revólver atravessava um balão antes dele estourar, até aí eu também estava acordado, mas (pense bem antes de responder…) e aquele sobre a experiência do Millikan? Quem? Sei, sei, você dormiu do começo ao fim do filme e, agora, diz que não se lembra.
O filme é aquele sobre a descoberta da carga elétrica fundamental. Mais ação do que isso, só em filme do James Bond: caía uma gota de óleo eletrizada, caía a segunda gota eletrizada, caía a terceira gota zzzzz. E todo esse espetáculo se deu numa sala com as luzes apagadas (depois de uma noite tirando serviço ou num corpo a corpo secreto na cidade…), numa tela pequenininha, escura, com um projetor fazendo um vruuumm-vruuuummm hipnótico. Quando o filme acabou, a turma parecia um grupo de iogues em meditação profunda. Após a segunda alvorada do dia (quem acordava dava uma cotovelada no dorminhoco ao seu lado), um colega, em vez de voltar para a sala de aula, encaminhou-se para o alojamento: ia escovar os dentes e mudar o uniforme. O retorno à realidade foi demais para ele, coitado.  Outro (sulista meio exaltado) comentou alto “pessoallllll, para semana que vem, o uniforme para o filme de física é o sexto interno com travesseiro”, quase levando a turma inteira ao pelotão de presos naquela semana.
Outro parêntese: o ato de dormir durante uma aula, qualquer aula, produziu alguns dos mais belos episódios da história epcariana. Um colega, apanhado dormindo em sua carteira, foi mandando pelo professor para o fundo da sala, onde teria de permanecer até o fim da aula. Tenho a impressão de que a ideia do professor era obrigar o colega a ficar acordado o resto da aula. Veja que ingenuidade! Como se ficar de pé fosse impedimento para um aluno dormir. O colega não só dormiu novamente, como deu um show: apoiou-se na porta, à qual aplicou uma força F, fazendo-a girar sobre seu eixo (um torque tau) e BUM, fechou-a com um estrondo do cacete e caiu no chão. A qualidade do espetáculo foi reconhecida até pelo comando da Escola. O colega recebeu uma magnífica saudação em boletim, naquela famosa quarta parte, justiça e disciplina. Fecha parênteses.
Mas o Millikan, o das gotas eletrizadas, pagou um preço alto.
Diariamente, colegas anônimos, criativos e dedicados, trabalhando como verdadeiros profetas, inventando aqui, alterando ali, mentindo acolá, criaram o famoso Milicão, um ex-aluno extremamente rigoroso, cuja gloriosa biografia encontra-se registrada no tomo XXV da colossal obra “Pagações de mistérios, audiências e desculpas esfarrapadas epcarianas: 1970-1972”.
Consta que, certa alvorada, ao entrar no banheiro da quinta esquadrilha para escovar os dentes, Milicão se olhou no espelho e não acreditou no que viu. Passou a mão pelo próprio rosto e se perguntou (em voz alta): barba por fazer, Milicão? Sem ponderação, aluno: 4D!4D!
A história termina com o triste fim de Milicão, acometido de mal desconhecido e que, mesmo tendo sido prontamente medicado com dois comprimidos de AAS na enfermaria da Escola, teve de ser levado ao isolamento.  Chegou lá queimado em febre, e, quando alguém lhe perguntou como ele se sentia, ouviu dele:

– Frio, muito frio. Tenho de me COOO-BRIRRRRR

Chamaram seu pai, que só conseguiu chegar a tempo em BQ porque foi de cometa, da Viação Cometa, empresa em que trabalhava aquele menino, o Fittipaldi, que conseguiu encurtar a viagem, pegando um atalho até Santos Dumont, local de onde o pai do Milicão decolou do T-33 que ficava num pedestal, saltando de paraquedas no pátio da bandeira.
O encontro entre pai e filho foi de partir o coração: ao ver seu pai, Milicão disse suas últimas palavras: sei que o senhor ficará SEEEENNN-TIDO, mas irei DESCANNNN-SSAAARRRR. E pediu desligamento deste planeta.
Ao atingir seu estágio avançado, local onde todos recebemos o brevê nas costas, Milicão foi reconhecido por ex-alunos que explicaram seu comportamento detalhista na Terra ao comandante da Legião, e este o colocou como responsável pelas chuvas.
E é isso. Cada chuva que cai, tem o Milicão por trás, soltando a primeira gota, a segunda gota, a terceira zzzz. Deve ser por isso que tanta gente gosta de tirar um cochilo ouvindo a chuva cair.

Dois Termos Epcarianos

por 70-180 Dias

(publicado no e-groups em 20/02/2017)
Até hoje, quando me dizem que um sujeito é um pentelho, não penso em uma pessoa inconveniente, um chato. Pentelho ainda me lembra alguém correndo, esbaforido, chegando no pátio da bandeira no último momento para a formatura do almoço, com seu sexto interno impecável, não faltasse a gravata.  E, nesse momento, o colega arregala os olhos e lembra de tê-la deixado, com nó e tudo, em cima da cama, lá no alojamento, para onde ele dispara, seguido de uma avalanche de rrrr: rá, meu filho, tá enrrrrrolado outra vez!
Pentelho era o sujeito que dedicava a seu armário o máximo cuidado.  Máximo aí significa que inclusive a chave do cadeado era guardada dentro do armário e, depois, o cadeado fechado.  Havia, na sexta esquadrilha, um pentelho tão consciente de sua compulsão enrolativa que mantinha uma chave de fenda no alto de seu armário para o caso de uma emergência, coisa que acontecia com tanta frequência que perdeu o status de emergência e tornou-se corriqueira.
Lembro de uma encabelação espetacular.  Era uma quinta-feira, dia de paradão.  Nosso colega (é outro. Muitos eram os pentelhos e grandes, suas empentelhações!) trajava um quinto A digno das melhores passarelas do mundo da alta moda e estava nos últimos retoques no seu ray-ban (tirava um átomo de poeira da lente esquerda).  Quando terminou, saiu do alojamento num caminhar que acompanhava o “Vamos, filho altivo dos ares” executado em sua imaginação, só para ele, o filho altivo.  No pátio da bandeira, foi o alvo das atenções.  Claro, era o único sem o quepe!
Portanto, para mim, o fulano pentelho, de chato, não tinha nada: era o fulanelho, que só fazia nos divertir.
(O uso do óculos ray-ban merece um comentariozinho: havia uns modelos cor de buraco negro que seriam cobiçados pelo Steve Wonder, de modo que, se algum desavisado visitasse a Escola num daqueles paradões, levaria um susto ao ver tantos alunos com problemas visuais numa escola preparatória de pilotos. Encontrando-se com um daqueles alunos fotógrafos de paradões, perguntaria com discrição “Os ceguinhos, também pilotam?”. Como nunca houve aluno que deixasse pergunta sem resposta, alguns excedendo-se nos mistérios, o visitante ouviria mais ou menos o seguinte: Sem problemas! Aqui, meu amigo, voa-se por instrumentos ou no visual. Se não tem visual, voa-se em Braille!)
Outro termo que não me convence é golpe.  E olha que tem sido empregado à beça atualmente.
Para mim, golpe é um aluno avisar que vai “passar mal” durante uma formatura, começar a sofrer um desmaio (desmaio diferente, em etapas, para não correr o risco de cair de cara no chão, como uma vez ocorreu, e não foi golpe) e, ajudado por cinco ou seis colegas, quatro segurando um membro (no bom sentido) cada um, outro sustentando a cabeça do acometido de mal súbito e o sexto pedindo licença para conduzir o moribundo à enfermaria. E mais, uma coisa impressionante a ligação entre esses alunos, a preocupação, tamanha, que ninguém arredava pé da enfermaria até a plena recuperação do sinistrado, que, em geral, ocorria, coincidentemente, ao final do desfile do Corpo de Alunos.
O problema do golpe era quando ele vinha acompanhado do outro termo: empetelhação!
No nosso segundo ano, alguns colegas, que poderiam facilmente desempregar todos os contorcionistas chineses do Cirque du Soleil, criaram um golpe espetacular: durante a formatura do almoço, o homem de borracha ficava trancado no interior de seu armário. Alguém irá dizer: ah, mais isso não tem nada demais.  Não!  Junto com quinto A, sexto interno, décimo pendurados, borzeguins, botas, capacete, cuecas, meias, lenços, e mais uns itens exóticos: meio abacate, bananas, fatias de queijo prato, pacote de açúcar, leite condensado, aquele produto que parecia mel.  Como não tem nada demais?  Tinha coisa demais ali dentro!  Muito bem.  O homem-mola ficava em seu armário, trancado por fora com o cadeado (caso alguém fizesse uma revista no alojamento, etc, etc), durante, sei lá, meia-hora, quarenta minutos, com uma cota mínima de oxigênio (cá pra nós, um sujeito desses poderia ser enviado a Marte num quitinete com apenas um pequeno tratamento térmico externo). Quando acabava a formatura, o segundo elemento do golpe (vejam a complexidade do negócio) voltava para abrir o armário.
No entanto, houve uma ocasião em que o piloto de armário sofreu um surto de pânico, ou foi um caso de fobia não detectado na inspeção de saúde, de modo que o armarionauta (que depois afirmou ter tido uma vontade incontrolável de ir ao banheiro) se pôs a chamar alguém que ele ouvira andando pelo alojamento. O problema é que o alguém não era propriamente um colega e ficou aguardado a chegado do copiloto de golpe para aplicar à dupla um número de Ps cuja soma foi a dois dígitos, inflacionando perigosamente o pregão do pelotão de presos.
Como essas peripécias e suas consequências eram narradas em alto e bom som, diariamente, na quarta parte do boletim, seus desfechos deveriam ser suficientes para sossegar o facho de qualquer golpista. Seriam, de fato, não fosse ele um aluno.
O aluno golpista além de ingênuo, nutria um profundo desprezo pela logística, superestimando sua capacidade de improviso, que, a bem da verdade, era uma coisa impressionante.
Pois bem, houve um dia em que um grupo de alunos (entre os quais, esta alma de aluno pecador), ali pelas onze e pouca da manhã, encontrava-se atrás da lavanderia da Escola.  Naquele dia, naquela hora, eles (nós) não deveriam (amos) estar ali, mas estavam (mos). Uns fumavam um cigarrinho, outros pegavam um solzinho; a conversa fluía agradavelmente, até que (olha o resultado da falta de um serviço de inteligência) uma das moças que trabalhavam na lavanderia apareceu numa das portas, toda sem jeito, coitada, como se ela estivesse fazendo algo errado, e mineiramente perguntou afirmando ou afirmou perguntando:

– Ocês estão matando a formatura…

Houve aquela hesitação típica dos filósofos e, principalmente, dos golpistas (um golpista nunca responde, ali, na bucha, e, se necessário, nega sua própria existência), até que alguém respondeu com um “Ééééé….”. Então, a moça, serenamente, nos revelou sua singela informação:

– É que o brigadeiro está aqui na lavanderia!

Pois é. Quando vejo aquele menino, o Bolt, correndo para ganhar seu ouro olímpico, imagino, até com uma certa pena dele, seu fiasco se estivesse naquela manhã, atrás da lavanderia da Escola.

Justa Homenagem a Maria Boa

Texto original enviado por 70-054 Duarte.

(foram acrescentadas outras informações).
 
Durante a segunda guerra mundial, os americanos estabeleceram uma base aeronaval na cidade de Natal, no Rio Grande do Norte.
O que determinou a escolha do local, não foi o fato de Natal ser uma das mais aprazíveis cidades litorâneas do Brasil, com uma deliciosa e refrescante brisa sempre soprando do mar, mas sim a sua localização estratégica, em uma das extremidades do ponto mais curto de travessia do continente americano para a África.
De Natal até Freetown, a capital de Serra Leoa, são apenas uns 2.900 quilômetros.
Diz a lenda que muitas crianças nascidas naquela época em Natal, foram batizadas com o nome de Usnávi, uma corruptela do “U. S. Navy”, que os natalenses viam escrito nos aviões americanos daquela base.
Não sei se isso foi mesmo verdade, ou se é só folclore, mas não deixa de ser uma história divertida.

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Quando os americanos finalmente conseguiram convencer Getúlio Vargas a deixar de lado a sua simpatia pela Alemanha e entrar na guerra tomando o partido dos Aliados, o Brasil recebeu bastante material bélico, para reforçar as suas defesas.
Foi criada uma tal de Lei de Empréstimo e Arrendamento, ou Lend-Lease, que facilitou bastante essa transferência de equipamento militar.
No meio desse armamento todo, estavam incluídos 30 bombardeiros North American B-25 “Mitchell”, nas versões B, C, D e J, que chegaram no Brasil entre os anos de 1942 e 1944.
Os B-25 eram bombardeiros relativamente pequenos, mas eram muito eficientes e deliciosos de se pilotar, além de serem resistentes e de fácil manutenção, coisa indispensável em um teatro de guerra.
No total, 9.984 deles foram construídos e ajudaram bastante na vitória dos Aliados contra os nazistas e contra os japoneses.
Aliás, foi uma esquadrilha desses B-25 americanos que conseguiu a proeza de decolar sem catapulta de um porta-aviões e fazer o primeiro bombardeio a Tóquio, em uma espécie de resposta ao ataque a Pearl Harbor.
Esse incrível vôo sem volta, cada um dos 16 aviões que participaram da missão pousou ou caiu onde deu lá na Ásia, aconteceu em abril de 1942 e, além de Tóquio, também destruiu alguns alvos em Nagóia.
Só uns poucos daqueles milhares de B-25 que foram produzidos durante a guerra sobreviveram e hoje estão em museus, ou nas mãos de colecionadores particulares. Não é raro vermos algum desses sobreviventes que pertencem a particulares, se apresentando em shows aéreos nos Estados Unidos.
Era comum os aviões de bombardeio serem batizados com o nome de mulheres, com direito ao nome bem grande e um retrato da homenageada pintados no nariz da aeronave.
Um dos casos mais famosos foi o do Memphis Belle, um Boeing B-17F “Flying Fortress” que foi o primeiro bombardeiro pesado a conseguir completar as 25 missões exigidas das tripulações, antes que elas pudessem dar baixa e voltar para casa.
Conhecidos como Fortalezas Voadoras, esses quadrimotores fizeram um estrago danado na parte nazista da Europa.
O Memphis Belle foi praticamente destruído na última missão, mas mesmo assim conseguiu pousar e, depois de restaurado, foi para um museu dos Estados Unidos, aonde se encontra até hoje.
A senhorita de Memphis que foi a musa desse B-17, se chamava Margaret Polk e era a namorada do então Capitão Robert Knight Morgan, o comandante do avião.
Um outro caso clássico é do Enola Gay, o Boeing B-29 “Superfortress” que jogou a bomba atômica em cima de Hiroshima.
Enola Gay Tibbets era o nome da mãe do comandante da aeronave e também comandante do esquadrão aéreo encarregado do lançamento de todas as bombas nucleares que foram e que seriam produzidas pelos americanos, o Coronel Paul Tibbets.
E já que americano pode, brasileiro também pode e, por conta disso, alguns dos bombardeiros da nossa força aérea também tiveram o nome de suas musas pintados na fuselagem.
O caso mais pitoresco foi o da Maria Boa, que foi homenageada por um daqueles B-25 que vieram a reboque da entrada do Brasil na guerra do lado dos americanos. Maria Boa era a dona de um lupanar em Natal onde, além das raparigas, os clientes podiam saborear uma cerveja gelada servida em mesas ao ar livre. Como boa parte dos tenentes, pelo menos uma vez, foi até lá para conhecer e saborear uma cerveja, com justa homenagem lembraram-se da Maria Boa.
Tratava-se de um North American B-25J “Mitchell”, que na Força Aérea Brasileira recebeu a matrícula FAB 5071.
Quem custou a acreditar neste fato foi a própria Maria. Até que alguns tenentes decidiram levá-la até à linha de estacionamento dos B-25 logo após o jantar para não despertar a atenção dos curiosos. Ela constatou o fato. As lágrimas verteram de seus olhos quando viu à sua frente, pintada ao lado do número 5071, a inscrição “Maria Boa”.

Na verdade Maria Boa era só um apelido, o seu nome de batismo era Maria Oliveira Barros.Nascida em Campina Grande, na Paraíba, ela era a dona do mais famoso e mais agitado cabaré da cidade de Natal, naquela época da base aeronaval dos americanos e, depois da guerra, da base aérea da FAB.
Não há como negar que ela foi uma das muitas heroínas da época do chamado esforço de guerra…

Será que a menina, então com pouco mais de vinte anos, que deixava Campina Grande, poderia imaginar que a Casa de Maria Boa faria fama no Brasil e no mundo e, mais que simples cabaré, viraria referência turística da capital potiguar?
Maria Boa chegou a Natal junto com os americanos e a Segunda Guerra. Sua casa, que funcionava à Rua Padre Pinto, 816 – Cidade Alta, se tornou um referencial.  Funcionou por aproximadamente meio século.
Maria já era quase uma septuagenária quando caminhava diariamente ao amanhecer pela Praia do Meio, onde morava, com uma antiga amiga. Não se sabe se nessa época ainda aparecia para gerir os negócios. Poucos tiveram a oportunidade de pousar olhos sobre sua lendária figura.
Uma história foi contada na edição do Diário de Natal, que trazia a notícia da morte de Maria. O fato ocorreu em um churrasco em família, num ambiente bem tranqüilo: “Numa cadeira ao lado, sentou uma senhora usando vestido azul e sandálias pretas. (…) Seus traços físicos ainda guardavam sinais de uma mulher que já fora muito bonita, de belo corpo. Conversei uma hora com a mulher ao lado. Ao final do papo, ela perguntou meu nome. Respondi a senhora e, por educação, fiz a mesma pergunta. Com um sorriso, ela me respondeu: “Me chamo Maria de Oliveira Barros”. (…) Alguns minutos após, minha avó se aproximou, comentei com ela: “Que mulher distinta e educada, ela parece uma lady do tipo inglesa”. Minha avó disse: “Você estava conversando com Maria Boa”.
Outra história, na cobertura do enterro, foi registrada: “Morreu ontem, por volta de 1 hora da manhã, vítima de acidente vascular cerebral – AVC (trombose), na Casa de Saúde São Lucas, Maria Oliveira Barros, mais conhecida como Maria Boa, 77 anos.  Ela fez história no Rio Grande do Norte com seu bordel.  Com o sepultamento de Maria Boa, desaparece também uma figura lendária da história da cidade, que da badalação da noite envolveu-se num véu de recato e discrição, usufruindo o que amealhou com décadas de trabalho em extremo convívio familiar.”
Quem não viveu a Natal dos anos sessenta, quando o sexo era reprimido “entre as moças de família”, não pode avaliar o que foi essa “instituição” para jovens iniciantes, ou para o relax de vetustas figuras do Judiciário, Legislativo e Executivo, empresários, militares, enfim cidadãos de todos os tipos, de uma cidade com menos de 200 mil habitantes .
Junto com Maria, morreu todo o romantismo de uma época.

Noturno Epcariano, 1970

por 70-180 Dias

Um estranho fenômeno ocorria todas as noites na EPCAR; no exato momento em que o corneteiro executava o silêncio, e enquanto as luzes da Escola iam-se apagando, os alunos nos alojamentos iam ficando acesos. A agitação oferecia de tudo: uma versão livre do francês glossoteca surgia nas trevas do alojamento como um uivo:

– Où est M. Thibau? …… Où est M. Thibau?

– Qu’est-ce que c’est, filhô da putá?

– Ah, voilà M. Thibau!

Daí, a coisa podia mudar para a mecânica aplicada ao lançamento de projéteis terríveis, as bombas d’água, ou para a impressionante demonstração da combustão dos gases intestinais, uma encagaçante chama poderosa rasgando a escuridão do alojamento. Só vi coisa parecida muito tempo depois, naqueles filmes sobre aviões usando a pós-combustão.  Se o colega continuasse suas pesquisas gasosas, a NASA e a Rolls Royce teriam de se dedicar a outras atividades; um foguete impulsionado por aqueles gases iria a Marte com a mesma facilidade que se vai de BQ a Conselheiro Lafaiete.
Encerrado o show tecnológico, era a vez de um Brasil mais rural. Lá do fundo da quinta esquadrilha, vinha um longo assobio que enlouquecia um peru. Aquela torrente de glu-glu-glus, por sua vez, despertava cachorros, galinhas, porcos e outros. O imitador de peru era um virtuose: tinha-se a impressão de que, a qualquer momento, um peru iria passar correndo loucamente por entre os beliches.
Histórias como as dos alojamentos, difícil ouvir igual. Foi lá que eu soube que a expressão “bêbado como um gambá” vem do fato de os gambás, exatamente como muitos humanos, adorarem uma cachacinha, razão pela qual a mãe de um colega foi comprar, em uma vendinha, um copo de caninha para dar um jeito num raio de um gambazinho ladrão (oi, se num é história de minerim!). No dia seguinte, tava lá a tigela vazia, mas cadê o bicho? Aí, a mãe volta na vendinha e explica o problema.

– Mas a senhora tem de botar é um litro de cachaça. Gambá bebe, mas bebe é muito; um copinho faz efeito não, dona!

Na mesma noite, puseram um litrão de pinga pro desgraçado, que mais tarde foi visto trocando as patas pela ruela. Morreu, não, tadim, ficaram com pena do pinguço.
Uma missão difícil era os plantões colocarem ordem nos alojamentos das 22 às 23 horas. Daí em diante, o problema era acordar naqueles horários simpáticos, no meio da madrugada.
Por exemplo, uma vez, embora o meu plantão começasse às 3 horas, lá pelas duas e meia, o colega que eu iria substituir já estava me acordando, “para que eu mudasse a minha roupa sem pressa”. Meia hora para colocar o sexto interno por cima da cueca e uma camiseta é tempo pra burro, mas, naquela vez, me pareceu uma delicadeza comovente do colega. Só comecei a estranhar quando o procurei e não o encontrei, de pé, naquela parte do alojamento; só fui achá-lo em sua cama, já roncando.
O serviço de plantão, ao contrário do que parecia, ficar naquela escuridão ouvindo roncos e outros ruídos noturnos ainda menos agradáveis, poderia ser muito instrutivo. Por exemplo, eu não sabia que o ser humano, ou melhor, alguns seres humanos são capazes de manter uma conversa normalmente enquanto dormem; e ouvir e encher de perguntas um dorminhoco falante era uma diversão que consumia um bom tempo do serviço do plantão. Havia colegas capazes de liquidar uma dúvida sua em qualquer assunto sem sequer mudar sua posição no beliche. Aquilo era engraçado, mas dava um certo medo; a enciclopédia adormecida, um tranquilíssimo colega durante o dia, ao cair no sono, parecia um oráculo em transe. Oráculo é o cacete! O cara virava um Google antes de o Google ter sido criado.
Infelizmente, havia também aqueles que receberam treinamento de ninjas, sendo capazes de caminhar sobre folhas secas de árvores sem produzir qualquer som. Esses cretinos levantavam-se alta madrugada para ir ao banheiro e, na volta, aproximavam-se pela sua retaguarda e, quase dentro de seu ouvido, sussurravam alto: PLANTÃO! Como se já não bastasse o susto de repentinamente você vislumbrar uma aparição espectral, de ceroula, camiseta e descabelada, desaparecer na semiescuridão do banheiro da sexta esquadrilha.
Mas o verdadeiro problema do plantão eram os diabólicos alunos de dia, seres nos quais, mais dia, menos dia, iríamos nos transformar. Certa noite, um colega de plantão veio me contar, ainda trêmulo, sua experiência. “Aí me aparece, do nada, o aluno de dia e começa a me encher de perguntas. ”

– E aí, plantão, como está o serviço?

– Sem alterações.

– O alojamento está tranquilo?

– Sim, tudo tranquilo.

“E continuou o interrogatório. Eu, com um sono danado, não conseguia pensar direito nas respostas e já estava pronto para mandar o cretino à merda, imagina!, então, de repente, entrou uma claridade no alojamento, coisa rápida, nem sei de onde veio a luz, e eu vi que o sujeito usava bigode. Então eu pensei: ôpa, alunos de dia não usam bigode; logo, eu não estava diante de um aluno de dia; era o oficial de dia! E eu quase o mandei à merda.”
Uma pena eu ter ouvido esse relato no meio da madrugada e no escuro do alojamento. Nunca mais tive a oportunidade de, ao vivo, ver nascer e ser desenvolvido um argumento tão bem construído. Aquele plantão era um Descartes!
Então, vi que eram três e meia. Fui acordar meu substituto. O colega acordou num mau humor infernal e foi logo me perguntando as horas.

– Quê! Volte daqui a meia hora, cara!

Eu, esperto, já escolado, fiz a minha tentativa:

– Mas é para você trocar sua roupa sem pressa.

– Dias, qualquer IMBECIL coloca o sexto interno em dois minutos.

Bom, era mais ou menos esse o processo que, no lento passar dos dias, mas de maneira muito eficiente, transformava bichos em veteranos.

Lembranças da EPCAR

Foi um tempo bom.
Faz 45 anos e ainda lembro alguma coisa.
Tinha um capitão Sena e o Sabugo. Em compensação tinha o Chumbinho, este, gente boa.
A Isabelinha, que pena.
Do V.I. pra visitar as camofas.
E depois da operação da fimose, a reestreia no “Sessenta”. Só sei que foi um vexame.
Lembro-me da “ Vovó” e do “Rancho Alegre”, mesmo inebriado, sabia bem o caminho.
Lembro que logo após a bolinação com a menina de família tradicional da cidade, eu tinha que “desopilar” lá na “Casa da Dora”.
Lembro-me de ouvir a rádio Mundial nas noites enluaradas no meu primeiro rádio gravador Phillips comprado lá mesmo em Barbacena, junto com um blusão de voo azul de um primeiro sargento da Escola. Até a minha primeira calça Lee foi adquirida com ele.
Do Gino’s e do Barbacenense, quantas histórias. Os hormônios a mil e as gurias sempre a fim.
Lembro-me da professora (que professora!) do áudio visual de francês, até hoje ressonando na minha cabeça: Je suis monsieur Thibaut, Je suis monsieur Thibaut,…
Da Geometria Descritiva, que sufoco!
Lembro-me da NAE, do Cross Country pela cidade.
Do desfile em São Paulo no sete de setembro, a esquadrilha na forma de um avião, foi perfeito e inesquecível, valeu a viagem de trem.
Das procissões católicas na rua principal.
Dos passeios a São João Del Rei, Santos Dumont e Tiradentes, com minha namorada barbacenense (camofa não, era minha namorada!) que pedia o Jipe emprestado do pai para a viagem. Ou das serenatas que fazíamos aos amigos da cidade. Haja cachaça!
Do bloco de Carnaval com alguns de nós alunos, com a música: “Foi num laguinho que o meu bloco surgiu! Tava bonito que puta que pariu. Foi feito com muito suor e trabalho. E no final deu um bode do car…”. O resto da letra eu sei, mas não vou escrever, pois deve ter criança na sala!
Lembro bem dos “phthirus púbis” agraciados como acidente de trabalho. Nada que um Neocid não resolvesse. Tinha que raspar e depois ficava pinicando. Alguns encontros se davam na linha do trem em frente à Escola, ao som dos carregamentos de minério. Haja hormônios!
Das tradicionais lavadeiras que cuidavam com carinho das nossas roupas, era sempre um evento quando elas vinham nos entregá-las, pois batíamos um bom papo com aquelas senhoras que tinham enorme apreço por nós.
Era a cidade das rosas e dos loucos. As histórias de horror no hospício de Barbacena.  Acontecia nas nossas barbas, mas éramos ingênuos e não sabíamos de nada. Graças a Deus!
Tenho saudades da família que me acolheu na cidade, pois sendo gaúcho e estar bem longe de casa, cheguei a ficar um ano sem visitar meus pais. Mas nada como uma carta com o timbre dourado da Escola não resolvesse. Era uma folha azul claro com uma asa dourada no topo escrito: “Non multa sed multum”. Tenho até hoje estas cartas que escrevia pra minha escolhida, que veio ser minha esposa há quase quarenta anos.
Lembro-me da copa de 70 que assistimos no telão do auditório, poucos brasileiros tiveram aquele privilégio. E a maioria ainda não acredita que em 70 era um telão grande e a cores.
E o show dos Mutantes? Inesquecível: “Ando meio desligado, e nem sinto os meus pés no chão…” A Rita Lee bem novinha…
Lembro-me bem das peripécias pra matar a formatura no pátio da Bandeira e depois ser castigado pelos alunos mais antigos como a limpeza de seus dormitórios ou o engraxar das botas.
Lembro-me de fugir da PA no centro da cidade, por estar fora de Escola sem a devida permissão.
Lembro-me de estudar muito para alcançar a aprovação nas matérias.
Lembro-me do rasante feito por um T6 cortando um galho de eucaliptos (ou quase) no pátio da Escola.
Lembro-me do tiro acidental dado por um aluno mais novo quando estava fazendo a ronda. Era época de guerrilha. Fui saber depois.
E dos porres homéricos? Pula esta, esquece.
E o concurso de desfilar com a gata mais “formosa” da cidade, valendo uma garrafa de uísque? Não vou dizer o nome de quem ganhou, mas ele fez uma declaração de amor para a dita cuja: Você é a beterraba da minha salada, etc. Omitirei os nomes dos concorrentes para preservá-los. Não liguem, já faz muito tempo!
E o vício do cigarro? Adquiri dando “uns pega”: “Me dá a vinte”, ou a “segunda” e depois com maior orgulho, comprando um maço inteiro. Para os alunos mais novos, fazíamos o gesto com um “V” e dizíamos: – Preenche esta lacuna. Lá ia o aluno atrás de um cigarro para nós viciados. Eta vício maldito!
Fui um abençoado, pois vivi, juntamente com a vida escolar, um pouco da dinâmica da cidade e fiz alguns amigos. Estes me foram muito importantes.
No armário junto às fotos de mulher pelada, havia fotos de aviões, era o sonho que se reforçava.  Meu companheiro de armário do alojamento do segundo ano era bem organizado e deixava seus pertences bem arrumadinhos.  Aprendi com ele, pois eu era meio bagunçado.  Hoje, me parece que ele mora no exterior e bem de vida.  Tornei-me um aposentado da Petrobrás, e desconheço a operação “lava Jato”, pra que fique bem claro!
Neste cadinho de aventuras forjaram-se bons cidadãos, uns com estrelas no ombro pela habilidade de voar, outros com as estrelas no ombro pela capacidade de conduzir bem suas vidas e de suas famílias, sempre como exemplo de cidadania e respeito.
E depois de colegas de escola, tornaram-se irmãos, pois mesmo após quatro décadas o carinho é o mesmo. E pra todos, o Salmo 133 diz tudo: “OH! QUÃO BOM E SUAVE É QUE OS IRMÃOS VIVAM EM UNIÃO”.
Estamos na idade do descompromisso e, quando a finitude se aproxima a passos largos, preparamos o relho para dar no seu lombo e afugentá-la.
Tudo saiu exatamente como deveria ser.
Hoje o maior gozo é a emoção da boa saúde, da família, dos netos, da vida, (com um pouco de ereção) e ver que tudo isto valeu a pena.
Clos 70-120

A Blusa

Ali estava ela: a blusa e seu decote, generoso. Deixava um pouco mais do que o necessário a mostra.

Num primeiro momento, mal se percebia a blusa, mas, mesmo sem ser percebida, ela abusa.
Instigante. Fazia com que a minha imaginação viajasse por lugares desejáveis.
Um arriscar de olhar e tentava-se ver algo mais do que era o permitido, do que era para ser visto, mas essa deveria ser a ideia.
Podia imaginar minhas mãos os tocando. Leia mais

Parabéns Belli

Parabenizo o nosso amigo Belli pela disponibilidade de tempo e a rapida divulgação na Internet do Blog da nossa turma !!!

Os Pelos Epcarianos

Dia desses, o Leite, cujas mensagens costumam ser de arrepiar, avisou ao Celsinho que a calvície está por um fio (sem querer fazer trocadilho!). Fiquei pensando que essa descoberta chegou relativamente tarde para nós, se bem que, toda manhã, eu ainda perco uns cinco minutos diante do espelho para conferir o placar entre fios brancos versus ausência de fios, jogo duríssimo, com goleadas de parte a parte todas as noites. Fazer o quê?

Agora, que o cabelo já foi importante, Leia mais

Férias de BQ

Nosso cérebro é como um sótão vazio”, ensinava o detetive Sherlock Holmes, “lá só devemos colocar o estritamente necessário ou não encontraremos o que buscamos”. Eu deveria ter levado mais a sério essa ideia do Sherlock, pois, hoje, o meu cérebro é um sótão atulhado de lembranças (a maioria absolutamente inútil!), de modo que, vasculhando pela solução de um problema, encontro umas caixas empoeiradas cheias de fotos de mulher pelada ou um monte de histórias curiosas.

Por exemplo, acredito me lembrar do dia exato em que comecei a pensar em não tentar ser um piloto da esquadrilha da fumaça.

Em 1971, Niterói tinha ainda uma população pequena e concentrada em poucos bairros. Leia mais