Ai de Ti, Rio De Janeiro
por Prof. TARCIZIO R. BARBOSA
Não é nenhuma novidade que os brasileiros gostamos (não é erro não, é silepse!) de soluções pela metade. Desde priscas eras o Brasil, como um todo, adota a nefasta regra de abordar os problemas pela metade, ou menos.
Mas nem vamos recuar no tempo para constatar essa triste realidade!
Ontem, em plena ressaca carnavalesca foi anunciada a “intervenção” (?) na área de segurança do mui lindo, cantado em verso e prosa e, também, mui deteriorado Estado do Rio de Janeiro, terra de São Sebastião que morreu flechado e muito propriamente hoje, morrendo a cada dia de tiro de fuzil, onde as balas sem endereço certo matam à torto e à direito.
Coitado do General interventor!
Digo isso porque a solução é “meia-boca” para dizer o mínimo. Senão vejamos:
Desde sempre até as pedras do calçadão de Copacabana, princesinha do mar, sabem que o exercito é força de combate e que em combate não se dialoga com o inimigo. Se estes não se rendem, com as mãos para cima e as armas depostas…são mortos. Não há conversa, as Forças Armadas de qualquer nação que se quer soberana são agentes do extermínio dos inimigos, sem invocação aos direitos humanos ou ao agasalho de meliantes que se refugiam no “pique” das ONGs ditas “sociais”, como numa brincadeira infantil de pega-pega.
Sem embargo, Exército, Marinha e Aeronáutica são máquinas de matar. E se assim não for, a formação de seus quadros está na contramão da boa doutrina militar. Os quadros de polícia dessas forças só entram no teatro de guerra após a aniquilação do inimigo e para manter a ordem pós combate.
Coitado do General interventor!
Intervenção de força se faz com declaração de Lei Marcial, Estado de Sítio e suspensão temporária de pretensas garantias individuais. Com ampla informação ao público civil, leigo por suposto, que danos e baixas colaterais são esperados em um cenário de guerra…e, sem dúvida razoável, o Rio de Janeiro de festejados encantos mil, vive uma guerra.
Mais ainda, confinar a “intervenção” (?) a uma restrita área geográfica com muitas vias de saída e evasão é o mesmo que tentar se proteger de chuva com peneira.
Coitado do General interventor!
Intervenção pela metade, com comando somente sobre as polícias locais – civil e militar – e sobre o corpo de bombeiros, sem controle dos recursos financeiros capazes de sustentar mobilizações e deslocamentos, além de pólvora e bala adicionais, é brincadeira de mau gosto. Pois a torneira financeira, sempre nas mãos dos políticos, pode jorrar ou secar conforme os interesses nem sempre republicanos ou voltados para o bem estar da nação destes veros senhores da batalha que usam os granadeiros ao seu talante…tornando-os meros “apanhadores das castanhas no fogo”, para seu deleite pessoal e, sem chamuscar as mãos.
Coitado do Tenente, do Sargentos e do Soldado na frente do combate.
Mas vamos, por um momento, considerar que Sua Excelência, o General contemplado com a missão intervencionista acumula, entre outras, missão bem sucedida na montagem da impecável segurança da praça carioca, por ocasião das Olimpíadas passadas. Cético que sou, lembro que naquela quadra não interessava aos bandidos conflagrar a cidade, sob pena de perder o boom mercadológico de seu comércio nefasto de drogas. Que, segundo consta, deu grande lucro a esses cretinos, turbinado pelo aumento exponencial do consumo pelos turistas e até por alguns atletas no “pós” (sem trocadilho) competição.
Agora não existe esse apelo. Agora é guerra para valer, sem lucro visível para qualquer das partes e com prejuízo seguro para aquele que, do lado intervencionista, matar alguém do lado de lá. Ou, pior ainda, que, por acidente, mate um civil que tenha sido confundido com um bandido e que, surdo ao “renda-se ou morre” tenha ensaiado uma confrontação ou uma fuga.
Coitados de todos os soldados na linha de frente.
Paulistas, capixabas, mineiros e outros mais afastados acautelem-se, pois se houver êxodo dos meliantes por via terrestre, aérea ou naval, na fuga previsível por medo. Aí serão vocês a sentirem o peso da lei e da eficiente “organização” criminosa que vingou, cresceu, modernizou-se e prosperou em pecúnia e em poder, desde que o ex-Governador Leonel de Moura Brizola, proibiu a polícia de “subir os morros” entregando-os – todos eles, sem exceção – ao comando de um estado paralelo que hoje se confunde com o Estado de direito e é, sem embargo, mais eficiente que este.
Coitados de nós todos.
São Paulo, 18 de fevereiro de 2018
TARCIZIO R. BARBOSA