MENINAS, OMBRO ARMAS
É engraçado mas, como velho que sou, surpreendo-me cada vez que vejo garbosas e altaneiras graduadas e oficialas (é assim que se escreve, na nova nomenclatura politicamente correta…acho), impecavelmente fardadas e prestando as saudações de praxe.
Como sou velho, fico imaginando se os atuais aviões de caça ainda possuem o “funil” (lembram-se do T-6?) que ajudava a nos aliviar nas longas pernas voadas e, como seria para as atuais aviadoras.
Como velho sou, fico pensando nos ensinamentos que sempre recebi dos familiares: “meu filho, sempre dê precedência às mulheres, levante-se e ceda-lhes seu lugar, trate-as sempre respeitosamente”. Ai de mim se tratasse qualquer mocinha desconhecida, por mais criança que fosse, por qualquer outro epíteto que não um respeitoso “senhora”. No mínimo ficava um mês sem sobremesa.
Bom, nessa altura a hierarquia e a regra de cortesia militar já iria, em acelerado, para o brejo.
Fico pensando – aliás, ultimamente ando pensando demais e isso é inusitado em tempos atuais – como bom infante que sempre fui, como seria uma carga de Grupo de Combate comandada por uma Sargenta calipígia correndo à frente de nós fuzileiros. No mínimo eu, pessoalmente, iria me distrair ainda que por segundos e, provavelmente seria atingido por ataque hormonal ou bala de chacal. Mas, pelo que tenho visto, acho que as novas gerações já superaram esse defeito de fabricação.
Ainda no tema, vejo-me oficial superior casado com uma bela graduada, servindo no mesmo quartel, comendo em ranchos diferentes, tendo acesso a diferentes cadeias de comando etc. Ou, eu servindo em Manaus e ela em Porto Alegre, para radicalizar de vez. Bem, sejamos politicamente corretos e despreconceituosos de gênero. Ou vice-versa, eu soldado raso, amando uma coronela (atenção para o “a” final) devidamente paramentada de “boot” e tudo. Para mim, que velho sou, seria no mínimo inusitado. Ainda bem que velho sou… acho.
Muito se fala da tão decantada “tensão pré-menstrual”, TPM para os (as) íntimos (as) e eu, velho que sou, fico pensando, novamente pensando (isso já está ficando chato), como seria a guerra nesse estado peculiar do ciclo circadiano…eu que não queria estar no caminho de um Batalhão assim. Pois, segundo consta, muitas mulheres convivendo juntas, por muito tempo, tendem a desenvolver ciclos homogêneos. Será verdade? Se for é assustador …para o inimigo.
Mas, nada se fala e eu juro que vou pensar pela última vez, sobre a mulher por trás da farda, aquela que quero idealizar terna, companheira e feminina, afinal “Deus nos fez homem e mulher e viu que isso era bom” (Se não entendeu consulte a Bíblia). Vejo-as orgulhosas do seu gênero e conscientes do seu poder persuasivo sobre nós, pobres marmanjos que nos achamos tão fortes, superiores e mandões (metrossexuais à parte) e, no entanto, quedamos doce e sutilmente governados por elas. Se, para nós precisamos de fuzil, bala e bomba, para elas basta um terno olhar e… lá se vai a macheza derretendo-se.
Enfim, acho que morrerei assim, mas, respeitando a nova ordem e buscando, com todo o meu empenho, assimilar esses tempos para os quais não fui feito, nem talhado…afinal, sou velho!
Bolas, continuarei cedendo lugar para as novinhas, carregando peso para elas e as tratando de senhoras, com todo o respeito e com o maior desrespeito pela hierarquia castrense. Rebelo-me!
Lagoa Santa-MG, 20 de junho de 2012
TARCIZIO R. BARBOSA